Curva Cega (Curva Cieca) trata da descoberta da língua materna da artista, a tigrínia, uma das escritas mais antigas do mundo, por meio da voz de Filmon Yemane, um jovem eritreu que vive atualmente em Bolonha e é cego desde os 12 anos, e com o apoio de imagens de um antigo livro de ortografia.

O corpo da artista se sobrepõe às linhas sinuosas do alfabeto, sugerindo uma mimese dinâmica. A obra é uma ferramenta metaeducativa que cria uma paisagem íntima por meio de um formato didático: uma narração biográfica inspira reflexões filosóficas e sacia a sede da presença: um corpo cumpridor da lei tenta corresponder a uma imagem constantemente evasiva.

Muna Mussie é uma artista italiana nascida na Eritreia e isso se reflete profundamente no seu trabalho. “Quando ela se apresentou na SCENA, se sentiu muito acolhida e estava ansiosa para voltar ao Brasil”, comenta Rachel Brumana, curadora da SCENA.

Artista eritreia radicada em Bolonha, Muna investiga as artes performativas e as linguagens cênicas para dar forma à tensão que surge entre diferentes pólos expressivos, através do gesto, da visão e da palavra. Iniciou a sua carreira artística em 1998, como atriz/intérprete nas companhias Teatrino Clandestino e Teatro Valdoca.

Suas produções recentes investigam aparições fantasmagóricas e história menor. Entre seus projetos internacionais de teatro estão Monkey See, Monkey Do (Capítulo I-II, 2011-2012). Suas intervenções com objetos incluem Punteggiatura (2018), projeto de costura baseado na prática da costura, e Bologna St. 173 (2021), sobre os conceitos de casa, cidadela, fortaleza e liberdade.

Filmon Yemane nasceu na Eritreia e vive em Bolonha desde 2008, sendo licenciado em Ciências Internacionais e Diplomáticas. Participou em diversas atividades culturais e projetos artísticos.

A SCENA – Semana da Cena Italiana Contemporânea nasceu em 2019 e traz ao Brasil artistas e espetáculos expoentes da cena contemporânea italiana.