Passagens Transatlânticas é um encontro de criação que reúne quatro artistas africanos e afrodescendentes em uma série de oficinas, apresentações e encontros abertos ao público. A programação acontece no mês da Consciência Negra e durante a Temporada França-Brasil, promovendo o intercâmbio artístico entre América do Sul, Europa e África.

A iniciativa é organizada pela Casa do Povo e pelo Passages Transfestival (Metz, França), sob direção artística de Benoît Bradel, que colabora há anos com esses artistas em edições voltadas ao Brasil e ao continente africano. O projeto conta ainda com parcerias da MITsp, Cris Duarte em Cia e Eugênio Lima.

Entre os dias 4 e 15 de novembro, Alvie Bitemo, Soa Ratsifandrihana, Calixto Neto e Zora Snake propõem experiências que cruzam corpo, voz, escrita e memória, afirmando a arte como um campo de resistência, invenção e diálogo diaspórico.

Calixto Neto, radicado na França desde 2013, explora em sua obra as memórias e imaginários da diáspora africana. Ex-integrante da companhia de Lia Rodrigues, trabalha entre dança, vídeo e escrita, investigando resistência e coletividade em “Outrar”.

Soa Ratsifandrihana, coreógrafa e bailarina baseada em Bruxelas, propõe uma dança híbrida que entrelaça groove, improvisação e sua ancestralidade malgaxe. Seu solo “g r oo v e” tem circulado internacionalmente, afirmando uma poética do corpo como memória viva.

Alvie Bitemo, cantora e atriz do Congo Brazzaville, integra o grupo Amazones d’Afrique e desenvolve uma pesquisa em torno da musicalidade dos povos da floresta, explorando cantos polifônicos e práticas matriarcais como base para uma escuta coletiva e espiritual.

Zora Snake, coreógrafo e performer de Camarões, combina dança contemporânea e rituais em obras de forte engajamento político, como “Ópera do Vilarejo”, que aborda a restituição de obras de arte e a sabedoria ancestral.

As oficinas são gratuitas e voltadas a pessoas com diferentes experiências artísticas e corporais, com prioridade para pessoas racializadas, queer e periféricas.