Sônia desperta em um espaço onírico sem memórias, apenas com a certeza de que deve revelar um segredo doloroso antes que seu tempo acabe. Nesta jornada fragmentada, ela encontra diferentes versões de si mesma (todas interpretadas por atrizes distintas), que representam as múltiplas camadas do trauma. A narrativa não-linear, repleta de simbolismos como o relógio que drena sua existência, reflete o processo real das vítimas: a luta contra o silêncio imposto pela vergonha, culpa e negligência social. A encenação alterna entre cenas realistas e sequências surrealistas, usando projeções, iluminação expressionista e movimento corporal para criar uma atmosfera que oscila entre pesadelo e catarse. O espetáculo, baseado em relatos reais coletados durante o processo criativo, não pretende apenas denunciar, mas transformar o olhar do público sobre essa violência ainda tão subnotificada.