CANDOMBLÉ DA BARROQUINHA
DAN - Território de Criação (BA)
Texto: Daniel Arcades
Direção: Thiago Romero
Estreia: 2025
O Espetáculo
Em uma celebração à ancestralidade e à força do candomblé Ketu, O Candomblé da Barroquinha convida o público a adentrar um terreiro de candomblé e viajar pelos tempos. A peça conta a história de Marcelina, uma jovem abian que cresceu acompanhando sua mãe nas festas da roça que fazem parte de sua vida. Agora, Marcelina vive um dia de descobertas transformadoras, compreendendo seu papel dentro da comunidade e na salvaguarda cultural e espiritual de seu povo.
Enquanto nos transporta para o cotidiano do fictício Terreiro da Barroquinha, com suas atividades simples e sagradas – como cozinhar, cuidar da terra e saudar os mais velhos –, o espetáculo também nos leva por uma jornada histórica, explorando o chão simbólico onde o candomblé floresceu na Bahia.
Com direção de Thiago Romero e texto de Daniel Arcades, a montagem é uma obra de amor, respeito e pesquisa, que une tradição e ficção para celebrar e refletir sobre nossa história secular e a resistência do povo negro diaspórico. O elenco e a equipe de criação e produção incluem nomes como Nildinha Fonseca, coreógrafa e bailarina do Balé Folclórico da Bahia, os atores Antonio Marcelo, Nitorê Akadã, Diogo Teixeira, Fernanda Silva, Larissa Libório, Shirlei Silva e Lucas Maciel, entre outros artistas profundamente conectados com o candomblé. A realização é da DAN – Território de Criação e conta com direção de produção de Laíse Castro.
Vencedor do 30º Prêmio Bahia Aplaude 2025 na categoria Melhor Direção para Thiago Romero.
*Texto: Realese DAN – Território de Criação

Foto: Caio Lírio
Espaço Cultural da Barroquinha
Você sabia que o território da Barroquinha em Salvador (BA) foi muito importante para o candomblé como conhecemos hoje? O espetáculo Candomblé da Barroquinha marcou sua temporada de estreia no palco do Espaço Cultural da Barroquinha, de 25 de janeiro a 09 de fevereiro de 2025. Este é o momento inaugural de uma obra que celebra as raízes e a ancestralidade do candomblé Ketu, trazendo ao público uma narrativa que combina história, tradição e ficção.
Em “Candomblé da Barroquinha”, o público conhece a história de três princesas africanas chegadas à Bahia na condição de escravizadas – Iyá Adetá, Iyá Kalá e Iyá Nassô -, personagens celebradas pela oralidade, que teriam fundado, na Bahia, no bairro da Barroquinha, o mais antigo templo de culto africano do país, tornando-se assim o símbolo de resistência, fora da África, dos reinos de Ketu e Oyó. Com sua sabedoria ancestral, elas criam uma das comunidades Jeje-Nagô mais importantes fora do território africano, reconstituindo na Bahia os locais sagrados destruídos pelo violento processo de colonização.
Palco do espetáculo, a Igreja da Barroquinha, construída entre os anos de 1722 e 1726, é um patrimônio material da Bahia desde 1985. Após um incêndio que destruiu parte da arquitetura, a edificação foi cedida pela Arquidiocese à Prefeitura de Salvador para que fosse transformada em um espaço cultural, sendo hoje denominada de Espaço Cultural da Barroquinha. Localizado no coração da capital, o espaço tem o objetivo de fomentar e promover as diversas manifestações artísticas e culturais. As instalações foram restauradas e abertas ao público em 2014. O Espaço Cultural da Barroquinha é um importante equipamento de preservação da memória e patrimônio soteropolitano, com grande relevância histórica para as culturas afrodiaspóricas. Está situado num local que teria abrigado o primeiro terreiro de candomblé de matriz Ketu de Salvador, do qual derivou a Casa Branca, o Gantois e o Ilê Axé Opô Afonjá, considerados os três mais antigos terreiros da nação Ketu.
“Nessa casa há outras moradas. Nessa casa há fundação. Nessa casa, territórios de rainhas se unem e refundam-se, religam-se.”
*Texto: Realese DAN – Território de Criação e Site da Fundação Gregório de Mattos (FGM)
Elenco

Antonio Marcelo - Bambo
Bambo é um dos pilares de sabedoria e tradição do Terreiro da Barroquinha. Bambo é o Ogã braço direito da Yalorixá, sempre ao lado dela nos momentos de decisão e nas reflexões sobre os rumos do terreiro e da comunidade. Seu compromisso com a continuidade do candomblé é inabalável, e ele vê nas novas gerações a chave para manter viva a chama do axé. Um verdadeiro griot moderno, ele é a memória viva da roça. Respeitado por todos, sua presença inspira ordem, reverência e unidade. É a ele que os filhos de santo recorrem em busca de conselhos e ensinamentos, e sua fala carrega o peso das gerações que vieram antes dele, entrelaçada com a responsabilidade de preparar o caminho para as que ainda virão. A busca por conhecimento o move, e ele dedica boa parte de seu tempo pesquisando a história e as origens do candomblé, ampliando sua compreensão sobre os caminhos que moldaram a religião e os laços que unem os filhos de santo através do tempo e do espaço. Bambo entende que a força do candomblé está no trânsito – a capacidade de se transformar e se renovar enquanto preserva suas raízes. Sua jornada no Terreiro da Barroquinha começou ainda na juventude, quando foi levado por sua avó, e em uma festa foi suspenso por Oxum para ser um importante Ogã da casa.

Nitorê Akadã - Yalorixá Dete
A Yalorixá Dete é o coração e a mente que guiam o Terreiro da Barroquinha. Como mãe de santo, ela carrega sobre os ombros a imensa responsabilidade de manter viva uma história ancestral, fortalecendo os laços entre o orún e o aiyê, ao mesmo tempo em que equilibra as dinâmicas humanas dentro do terreiro. Apesar de sua posição de liderança, Mãe Dete nunca deixa de lembrar a todos que, antes de tudo, é humana e também necessita de momentos de descanso, diversão e autocuidado. Uma de suas grandes paixões é garantir que o terreiro esteja em constante movimento. Para ela, a renovação é essencial para a continuidade da tradição. Ela acredita que é fundamental manter as novas gerações próximas, transmitindo conhecimento e fortalecendo os laços que unem o passado ao presente, pois o candomblé é mais do que uma religião; é uma prova viva de resistência e memória, capaz de reunir e preservar as tradições de diferentes impérios africanos em um espaço de fortalecimento e identidade.

Diogo Teixeira - Esubyi
Esubyi é o espírito pulsante do Terreiro da Barroquinha. Como Yaô, carrega a intensidade de quem está descobrindo seu lugar no mundo e no axé. Apesar das dificuldades financeiras que o levaram a morar no terreiro, ele encontrou ali não apenas um lar, mas uma comunidade que cuida dele com afeto e esperança, nutrindo seus sonhos e seu futuro. Esubyi é a personificação da alegria, com sua energia irreverente e um humor afiado que frequentemente ilumina até os momentos mais tensos da rotina da roça. Amigo leal e prestativo, Esubyi é aquele que está sempre pronto para ajudar, principalmente Ekedi Zinha, mesmo que seja entre uma brincadeira debochada e outra. Ele valoriza profundamente quem leva a religião a sério e quem cuida do axé com responsabilidade, mas não deixa de alfinetar aqueles que aparecem no terreiro apenas por curiosidade ou moda, abandonando a casa depois. Esubyi também possui uma camada mais profunda e vulnerável, raramente revelada, mas essencial para compreender seu jeito de ser. Ele é um jovem que, apesar de sua aparência despreocupada, carrega as marcas de uma vida que o desafiou desde cedo.

Fernanda Silva - Francisca
Francisca é uma mulher que caminha entre os mundos com força e serenidade, equilibrando as exigências da vida no aiyê e a conexão espiritual com o orún. Prestes a se tornar Egbomi no Terreiro da Barroquinha, ela é uma Yaô que inspira aqueles ao seu redor com sua determinação, generosidade e fé inabalável no destino. Mãe de Marcelina, ela é uma guia para os mais jovens e uma parceira para os mais experientes, compartilhando o que aprendeu ao longo dos anos com um amor profundo por sua tradição. Francisca é uma mãe que se preocupa, mas confia. No terreiro, é querida por todos, reconhecida pela capacidade de manter boas relações e por estar sempre disponível para ajudar. Como corretora, ela conhece bem o esforço de construir caminhos, tanto no trabalho quanto em sua jornada espiritual. Sua missão é pavimentar esses caminhos para os outros, oferecendo não apenas apoio, mas também referências emocionais, educacionais e espirituais para a família e sua comunidade de santo.

Shirlei Silva - Ekedi Zinha
Ekedi Zinha (Zenaide Silva, para os formais, mas conhecida e amada como Zinha) é o coração pulsante do Terreiro da Barroquinha. Uma mulher de força discreta e determinação inabalável, ela está sempre presente, mesmo que suas reclamações ecoem pela casa de axé. Apesar das queixas, Zinha é uma figura imprescindível, cujo trabalho e dedicação garantem que tudo funcione perfeitamente antes, durante e depois das funções do terreiro. Cozinheira de mão cheia e dona de uma língua afiada, Zinha é uma Ekedi de “rumbê”que entende como ninguém o valor do que faz. Adora conversar com os mais jovens, muitas vezes iniciando diálogos comparativos entre o “tempo de hoje” e os “tempos de antigamente”, quando era uma abian curiosa e cheia de dúvidas. Sua relação com o filho pequeno, Esubyi, é um reflexo dessa personalidade complexa. Os dois vivem trocando farpas carinhosas – Zinha com sua língua afiada e Esubyi com seus deboches, mas oamor entre eles é palpável, um laço que equilibra a intimidade das pequenas provocações com a profundidade de um cuidado mútuo. Zinha é uma figura que transita entre o prático e o espiritual, compreendendo que sua cozinha é também seu altar e sua oferenda.

Larissa Libório - Marcelina
Marcelina é uma jovem moradora do subúrbio de Salvador. Filha de Francisca, uma iaô que se iniciou no Terreiro da Barroquinha, ela cresceu imersa nas tradições do candomblé, acompanhando sua mãe e se tornando abian – uma aspirante a iniciação que ainda não passou pelo processo completo de feitura. Marcelina é sincera sobre suas dúvidas e medos. Ela teme não ser capaz de carregar a responsabilidade que o candomblé exige, especialmente porque ainda está descobrindo quem é e o que deseja para si mesma. Marcelina é muito querida no terreiro, graças à sua energia contagiante e sua facilidade em se conectar com os outros filhos de santo da casa. Dotada de uma curiosidade insaciável e uma alma questionadora, Marcelina traz consigo o frescor e a inquietação da juventude. Ela ama festas, não dispensa um paredão e se entrega com paixão aos prazeres simples da vida, como experimentar comidas e vivenciar novas experiências.
Músicos: Lucas Maciel, Allan Pádua, Gabriel Rosário e Samir Bispo

Foto: Caio Lírio
Direção de Thiago Romero e texto de Daniel Arcades

Foto: Caio Lírio
Galeria de fotos
Fotos do espetáculo realizadas no dia 1 de fevereiro de 2025, apresentado no Espaço Cultural da Barroquinha, em Salvador (BA).
Fotos: Caio Lírio
Vídeo (Programa TVE Revista)
THIAGO ROMERO FALA SOBRE “CANDOMBLÉ DA BARROQUINHA” TVE
Ficha técnica e artística
Direção: Thiago Romero
Texto: Daniel Arcades
Direção de produção: Laíse Castro
Direção musical: Lucas Maciel
Direção de arte: Thiago Romero
Direção de movimento: Nildinha Fonseca
Coreografia: Nildinha Fonseca, Nitorê Akadã e Thiago Romero
Preparação corporal: Nitorê Akadã
Assistente de preparação corporal: Ivana Paixão
Elenco: Antonio Marcelo, Diogo Teixeira, Fernanda Silva, Larissa Libório, Nitorê Akadã, Shirlei Silva
Produção executiva: Amanda Cervilho e Francisco Xavier
Assistente de arte: Ayran Cunha
Iluminação: Vitor Hugo Sá
Assistentes de iluminação: Ella Dias e Maria Tucumã
Músicos: Lucas Maciel, Allan Pádua, Gabriel Rosário e Samir Bispo
Técnicos de som: Jeferson Souza e Jorge Souza
Assessoria de imprensa: Cris Felix
Realização: DAN Território de Criação
Fotografias de Divulgação: Amanda Chuang e Letícia França – Labfoto
Fotografias de cena: Caio Lírio
A atualização dos dados desta página, bem como as informações nela contidas são de responsabilidade de Caio Lírio. Caso encontre algum erro ou divergência de dados, favor entrar em contato através do e-mail caioliriophoto@gmail.com

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