A Cia. Fanfarra Carioca, que completa quatro décadas de atividades, apresenta Os Griôs, espetáculo musical infantojuvenil que dá continuidade à pesquisa para uma dramaturgia decolonial iniciada em 2013 pela diretora e dramaturga Loly Nunes. A montagem visa ampliar a inclusão, o protagonismo de artistas negros e construir uma educação antirracista baseada na pluralidade.

Na África, os griôs são considerados bibliotecas vivas, guardiões de histórias passadas de geração em geração através da tradição oral. No espetáculo, os artistas cantam e contam histórias sobre os Impérios Africanos, a origem dos Griôs e a força das tradições orais, com 80% das músicas autorais, como “Ciranda dos Griôs da Alegria”, “Anansi – o Homem Aranha”, “O Império do Mali”, “Tia Ciata” e “Dom Obá”.

O enredo ressalta a rica contribuição dos africanos para a construção da cultura brasileira e o surgimento da capoeira, do samba e do carnaval. A narrativa inicia nos antigos Impérios da África Ocidental, na região do Sahel, e termina na Pequena África, situada na extinta Praça Onze no Rio de Janeiro.

As histórias trazem personagens reais raramente mencionados nos livros de história, como Dom Obá II, que se dizia herdeiro de um reino na África. Seu pai, Bemvindo da Fonseca Galvão, era filho do Rei Alafin Abiodun Atiba do Império de Oyo. Entre as narrativas estão os Contos de Ananse – o Homem Aranha – sobre a origem dos Griôs, e o Épico de Sundiata Keita e o Império do Mali, que superou uma deficiência física para unificar os reinos fragmentados da região.