Perigosas Damas é um espetáculo solo que mergulha nas histórias silenciadas do início do sistema prisional feminino no Brasil. Idealizado e protagonizado por Geovana Pires, o trabalho tem como ponto de partida o livro “História de um silêncio eloquente”, de Thaís Dumêt, que documenta como mulheres eram encarceradas em manicômios, conventos e prisões por serem consideradas “inadequadas” aos padrões morais da época.

A dramaturgia, assinada por Geovana Pires, Elisa Lucinda e Denise Stutz, revela que mulheres eram privadas de liberdade por motivos como sexualidade, inteligência, extroversão ou simplesmente por terem repulsa sexual ao marido. O espetáculo utiliza narrativa poética e versões em rap de poemas de Elisa Lucinda, musicados por Soraya Ravenle, para conectar essas vivências históricas com a realidade atual.

A montagem surge da experiência de quase duas décadas de Geovana e Elisa Lucinda na Casa Poema, instituição que trabalha com poesia em diversos contextos sociais, incluindo penitenciárias femininas. Com equipe majoritariamente feminina, Perigosas Damas propõe um olhar sobre o feminismo contemporâneo através da perspectiva de mulheres que vivenciaram diferentes formas de opressão.

A direção de Denise Stutz busca aproximar o público dessas histórias trágicas através de uma linguagem que mescla teatro, rap e funk, trazendo elementos da periferia para o palco. O resultado é um manifesto contra o feminicídio que questiona as estruturas patriarcais ainda presentes na sociedade.