Dembwa
Marcos Ferreira e Ruan Wills
Salvador (BA)
Estreia: 2023
Página atualizada em 29/10/2025
Fotos: Alice Rodrigues
Dembwa é uma travessia dançada por Marcos Ferreira e Ruan Wills, onde corpo e memória se entrelaçam para reativar saberes ancestrais. A obra entende a ginga como tecnologia: um gesto que desvia, cria e resiste, transformando o movimento em ferramenta de sobrevivência e invenção. Entre o samba de caboclo, que convoca o chão, e o funk, que exalta potência e identidade, de forma multidirecional o espetáculo revisita raízes ancestrais que pulsam em memória. Dembwa convida o público a sonhar com quem nos sonhou e a reconhecer, na dança, a continuidade de uma herança viva que se projeta no presente como futuro. A partir da escuta do corpo e do território, os artistas mapeiam novas rotas de continuidade, revisitando saberes esquecidos ou silenciados, mas que ainda vibram na pele, nos ossos, na memória.
Temporada
SESC 24 DE MAIO (São Paulo / SP)
Datas e horários: 15 e 16 de novembro de 2025 | sábado, às 18h, e domingo, às 17h
Endereço: Rua 24 de Maio, 109 – República – São Paulo (SP)
Tipo de espetáculo: Pago
Preços: R$60 inteira | R$30 meia
Ingressos na bilheteria do teatro
Duração: 45 minutos
Classificação indicativa: 18 anos
Datas e horários:
15 e 16 de novembro de 2025 | sábado, às 18h, e domingo, às 17h
Endereço:
Rua 24 de Maio, 109 – República – São Paulo (SP)
Tipo de espetáculo:
Pago
Preços:
R$60 inteira | R$30 meia
Ingressos na bilheteria do teatro
Duração:
45 minutos
Classificação indicativa:
18 anos
O espetáculo
O espetáculo nasce de um desejo dos artistas dançarinos Marcos Ferreira e Ruan Wills de contribuir com a oxigenação da produção cultural em dança de Salvador. Percebendo as encruzilhadas que os aproximam, os artistas iniciam o processo de criação do espetáculo em janeiro de 2023, trazendo suas memórias, experiências de vida e as histórias que traçam a trajetória dos seus familiares e que também se assemelham às histórias da maior parte das pessoas pretas no Brasil.
Ancestralidade, referências, memória e retorno são palavras que deram ignição ao processo criativo da obra. Os artistas, que além de intérpretes também assinam a concepção e coreografia do espetáculo, reforçam o resgate e o retorno como fatores importantes de sobrevivência, entendendo que quanto mais nos aproximamos da nossa ancestralidade e da força dos que vieram antes, mais nos aproximamos também da força que somos nesse tempo.
Marcos Ferreira e Ruan Wills investigam de forma multidirecional suas referências ao longo do tempo, entendendo nossa existência como potência no passado e no presente, sendo futuro aqui e agora. Discutindo possibilidades de entender nossas gingas como mecanismos tecnológicos, mapeiam novas rotas a partir desse retorno. Dembwa é um convite a reacessar memórias e sonhar com quem nos sonhou, um despertar para nossa existência a partir do olhar para os nossos ancestrais, nos reconhecendo como ancestrais desse tempo. O espetáculo permeia esses chãos que nos afirmam e nos fortalecem, trazendo os ritmos e coreografias contemporâneas para dançar e reconhecer nossos corpos: do samba de caboclo, que leva ao chão, ao funk, que evidencia nossas potências e identidade, acreditando que o principal objetivo é dançar os nossos chãos e questionar onde está a nossa raiz.
Os criadores
Marcos Ferreira
Marcos Ferreira, 32 anos, é artista, dançarino, coreógrafo e multiplicador. Iniciou seus estudos em dança através de projetos sociais na comunidade de Pernambués. Formado pela Escola de Dança da FUNCEB em 2013, atuou como dançarino nas principais companhias profissionais da cidade, como Experimentando-nus Companhia de Dança e Balé Jovem de Salvador, além de dançar em projetos em outros estados do Brasil, como São Paulo e Brasília. Atualmente é dançarino e assistente na Jorge Silva Cia de Dança, companhia com mais de 30 anos de trajetória, atua como diretor e coreógrafo do Grupo Jeitus de Dança e Balé Jovem de Cajazeiras e está cursando Licenciatura em Dança na Universidade Federal da Bahia.
Ruan Wills
Filho caçula de Robenilton Assis de Oliveira e Telma Silva de Assis, dois soteropolitanos que se encontram, vivem e têm três filhos no estado do Rio de Janeiro, o caçula Ruan Wills inicia seus estudos em dança ainda criança com sua irmã mais velha, que era diretora e coreógrafa de um grupo de axé music. Ao longo de sua formação, passou por escolas técnicas de balé clássico, dança de salão, dança moderna e contemporânea, assim como formação em assistente de coreografia. Vivenciou diversas experiências, integrando grupos artísticos de dança independentes na cidade de Salvador, experiência com teatro, formação em teatro performance negra com o Bando de Teatro Olodum e musical infantil, gravação de videoclipes artísticos, Cia Oficial do Estado da Bahia e trabalhos independentes, como o mais recente Dembwa, estreado em dezembro de 2023. Hoje o artista continua sua trajetória de formação e especialização em formas de se mover o mundo! (performances afrodiaspóricas).
Trajetória do espetáculo
8 de novembro de 2024: a convite do Sesc Feira de Santana, o espetáculo integra a programaçao da Mostra Aldeia Olhos D’Agua (Feira de Santana/BA)
24 de Outubro de 2024: o espetáculo integrou a programação do 27° Festival Internacional de Dança do Recife (Recife/PE)
24 de Maio de 2024: a convite do Sesc Paulo Afonso, o espetáculo integra a 13° Mostra Sesc de Artes - Aldeias Bahia (Paulo Afonso/BA)
22 de Novembro de 2024: a convite do Sesc Fecomércio Senac, o espetáculo integrou a programação especial de Novembro (Salvador/BA)
27 de Agosto de 2024: a convite da Secretaria de Politicas para Juventude, o espetáculo foi apresentado na Sala do Coro do Teatro Castro Alves (Salvador/BA)
4 e 5 de Abril de 2024: o espetáculo integra a programação do Teatro Sesc Senac Pelourinho (Salvador/BA)
6 de Dezembro de 2023: o espetáculo integrou a programação da Plataforma Nacional de Artes Negras no Espaço Xisto Bahia (Salvador/BA)
10, 11 e 12 de Novembro de 2023: o espetáculo estreou com uma curta temporada no Espaço Xisto Bahia (Salvador/BA)
Ficha técnica e artística
Concepção, criação e interpretação: Marcos Ferreira e Ruan Wills
Produção executiva: Marcos Ferreira e Ruan Wills
Edição e tratamento de trilha: João Dazart
Operadora de som: Natália Silva
Projeto e operação de luz: Diego Gonçalves
Concepção de cenografia: Ruan Wills
Cenografia: Jorge Alberto
Fotografia: Akva Sousa e Alice Rodrigues
Filmakers: Danilo Cerqueira e Ícaro Ramos
Concepção de figurino: Ruan Wills
Figurino: Carolina Carvalho
Criação e voz reza: Tiago Alves
Clipping
Crítica
Dembwa, arte preta e a poesia dos homens pretos em cena:
Por: Omoloji Agbára Dúdú — Psicanalista com Licenciatura em Dança e Bacharelado em Artes pela UFBA.
Data: 27/11/2023
Eu gosto de arte preta que fale das nossas potencialidades, pois, das nossas tragédias, não só a arte está cheia, como também já está repleto o nosso cotidiano. Dembwa é aquele tipo de espetáculo preto que faz questão de ser preto. O que seria um espetáculo preto que faz questão de ser preto?
É aquele espetáculo que não se prende ao virtuosismo da técnica, mas integra a técnica a toda dimensão poética que uma obra cênica precisa ter. Quando assistirmos a uma obra de dança com referências africanas, desejamos ser tomados pela poética cênica que aquela obra expressa.
Uma parte da gente está na obra. Não somos estrangeiros diante da temática desenvolvida, nem meros espectadores. Assistindo a Dembwa, fiquei imerso nas imagens que os corpos daqueles meninos-homens pretos construíam em cena.
O que pode um corpo negro fazer na potencialidade do encontro com outro corpo negro?
Dembwa tem paixão: a paixão dos seus criadores, amantes no palco e na vida. Há, no seu tecido coreográfico, memórias de si mesmo. Os gestos se cruzam e evocam uma ancestralidade milenar, humana, africana, mas, em dados momentos, trazem a expressividade de uma ancestralidade mais antiga, como os Voduns. São répteis, possuem texturas outras em suas peles ou couros. Movem-se como serpentes e transformam-se tal qual um camaleão.
Nosso povo, o povo preto, não é só de simbolismos, mas conseguimos significar através do próprio corpo. Constituímo-nos de experiências sensoriais diversas: movimento, música e visualidade formam o xirê-espetáculo que desabrocha em cena.
Assim me senti assistindo à obra de dança Dembwa, dos intérpretes-criadores baianos Marcos Ferreira e Ruan Wills. Dembwa é lindo, como a manifestação Sankofa em arte deve ser.
Todas as informações presentes nesta página são de responsabilidade de Marcos Ferreira.
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