Trilhas da Cena

Agenda

NIXI PAE: ENCANTOS DA NATUREZA

Mais do que uma apresentação de dança, o espetáculo Nixi Pae: Encantos da Natureza é um sopro de retomada da natureza em meio ao asfalto das metrópoles. A obra mergulha profundamente na cosmo percepção indígena para transformar o palco em um território de memória, resistência e conexão ancestral, convidando o público a redescobrir o espírito da floresta que pulsa nos corpos e na terra.

Com uma proposta que une dança, música ao vivo e videoprojeções, Nixi Pae é inspirado na palavra que, para o povo Huni Kuin (Acre e Peru), nomeia a bebida medicinal sagrada conhecida como Ayahuasca e significa o “espírito da floresta” ou “cipó forte”. O nome do espetáculo, que chegou à criadora por meio de uma experiência pessoal de retomada de identidade indígena, é a chave para aprofundar uma discussão vital sobre pertencimento e legado.

Para Giovanna Aguirre, a realização do espetáculo é arte e ato político para não esquecer seus ancestrais: “Essa ponte cosmológica que é o eixo central do Nixi Pae, revela que a Floresta está reivindicando sua retomada. Esse sopro me impacta à medida que eu compreendo que eu não deixei de ser floresta, mesmo vivendo na cidade. É, ainda, um chamado para voltarmos a sermos natureza, pisar mais suave na terra, respeitar as outras espécies e manifestações da vida”.

O espetáculo questiona o apagamento da história, buscando a reconexão com a ancestralidade que reside em cada indivíduo e território. A bailarina, no papel de corpo-floresta, atua como um portal para a manifestação de forças da natureza, incorporando a jiboia, a onça, os guarás e a energia dos rios e encantados.

Luta e memória molduram a performance como um ato de resistência que retoma a memória do povo Tupinambá, os verdadeiros “donos dessa Terra” antes da colonização do território que hoje chamamos de Rio de Janeiro. Um recado político e visual no uso de videoprojeção no corpo da bailarina reforça a mensagem de ativismo e memória, exibindo rostos de lideranças indígenas históricas e assassinadas, e também resgatando a imagem de rios soterrados da cidade, unindo a luta pela vida na floresta e nos centros urbanos.

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FESTCIRCO IGUASSU 2025

Entre os dias 04 e 07 de novembro de 2025, o Ponto de Cultura CETA – Centro Experimental de Teatro e Artes realiza o FestCirco Iguassu 2025, no Calçadão de Nova Iguaçu, com programação diversa de oficinas e apresentações circenses envolvendo cerca de 50 profissionais entre artistas e técnicos.

O objetivo do Festival é valorizar e difundir o universo circense em Nova Iguaçu, contando com o apoio da Fundação Educacional e Cultural de Nova Iguaçu (Fenig), Secretaria Municipal de Cultura e Prefeitura da cidade de Nova Iguaçu. Uma oportunidade para a população iguaçuana ter acesso e abraçar o Circo e sua tradição.

“FestCirco Iguassu 2025 nasce com a ideia de ser um tributo a esses pequenos Circos e sua peculiar maneira de sobreviver. A Baixada Fluminense na sua vida cultural, historicamente, sempre apresentou circos familiares que sobreviveram, ou sobrevivem, em pequenas comunidades e bairros populares, protegendo a sua tradição ‘aos trancos e barrancos'”, afirma Vânia Santos, atriz circense e diretora do CETA.

Dentro da programação gratuita do Festival, em 5 de novembro será celebrado o Dia Nacional da Cultura, com a apresentação do premiado espetáculo circense “Optcha!” – tributo ao povo cigano e tradição milenar do Circo. Logo em seguida será prestada uma homenagem à Escola Nacional de Circo da Funarte e aos mestres circenses: Delisier Rethy e em Memória: Robby Rethy, Jamelão Sigmaringa e Latur Azevedo.

As artes circenses têm um papel transformador nas comunidades mais vulneráveis. “Elas despertam o potencial criativo, promovem a autoconfiança e fortalecem o senso de pertencimento. Ao unir arte, disciplina e coletividade, o circo cria espaços de convivência e inclusão. Mais do que entretenimento, é uma ferramenta de emancipação social e esperança”, conclui Vânia Santos.

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A Escolha de Páris

O espetáculo A Escolha de Páris, com direção de Gisele Nallini e dramaturgia de Rodrigo Odone, apresenta a trajetória de Alexandre, jovem de origem conservadora e heterocisnormativa, que se apaixona por seu novo colega de trabalho Heleno, jovem soropositivo e emancipado.

Inspirado no mito grego, o espetáculo busca questionar a figura do herói, a que corpos são dadas opções de escolha em nossa sociedade, a influência do feminino na formação da identidade do indivíduo LGBTQIAPN+ e o que acontece quando esse assume a sua própria narrativa.

A montagem traz ao palco reflexões sobre livre-arbítrio e o direito à escolha de pessoas LGBT, dialogando com questões de identidade, diversidade, mitologia, representatividade LGBT, sorofobia, entre outras.

O elenco é formado por Eduardo Santos, Lilian Alves, Mayumi Honda, Olivia Lopes e Rodrigo Odone, que interpretam personagens de inspiração mitológica numa releitura contemporânea e descolada, que transita pelo esplendoroso mundo da Moda. A equipe criativa conta ainda com Italo Iago na cenografia e design e André Aguiar na trilha sonora.

Segundo a crítica Mariana Ferraz para Deus Ateu, “A escolha de Páris é um postulado de sobrevivência e emancipação quanto a um sistema machista, opressor e homofóbico. E mais: é uma peça sobre decisões – e sobre o quão difícil, apesar de imprescindível, é o exercício do livre-arbítrio”.

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Festival Internacional de Teatro de Animação

De 1º a 8 de novembro de 2025, acontece a 15ª edição do FITA – Festival Internacional de Teatro de Animação, em Florianópolis, Canelinha, Imbituba e Nova Veneza. Apresentado pelo Ministério da Cultura e Petrobras, o evento é um dos mais importantes do Sul do país e promove um espaço de difusão de arte, cultura e debates sobre temas como meio ambiente, acessibilidade e tecnologia. Toda a programação é gratuita, com ingressos disponíveis pelo Sympla ou nos locais das apresentações.

Serão apresentados 13 espetáculos de teatro de animação – 11 brasileiros, sendo 10 inéditos em Florianópolis, e 2 internacionais, ambos estreias no Brasil. As produções vêm de cinco estados brasileiros e de companhias da França/Israel e da Espanha. A curadoria, coordenada por Sassá Moretti, Zélia Sabino e Gustavo Bieberbach, foi guiada por três eixos principais: acessibilidade, meio ambiente e tecnologia.

Entre os destaques estão as estreias nacionais de “Edith & Me”, de Yael Rasooly (França/Israel), que abre o festival, e “Variette White”, de Roberto White (Espanha), que encerra a programação. O primeiro é um espetáculo solo com marionetes e canto, enquanto o segundo mistura clown e teatro de objetos, ambos explorando a potência expressiva do teatro de animação.

Além dos espetáculos, o festival inaugura o Diálogos Petrobras, espaço sediado no DAC/UFSC, dedicado a oficinas e conversas sobre o papel da arte na construção da cidadania e no fortalecimento dos vínculos entre cultura, meio ambiente e tecnologia. O espaço reforça o novo momento do DAC, recentemente revitalizado, como um polo de encontro entre artistas, público e universidade.

Viabilizado pela Lei Rouanet Incentivo a Projetos Culturais e PNAB – Lei Nacional Aldir Blanc, essa edição é apresentada pelo Ministério da Cultura e Petrobras, com apoio do Interclass Hotel e APUFSC Sindical e apoio institucional da UFSC.

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A Pérola Negra do Samba

Com sua voz grave e inigualável, Jovelina Pérola Negra (1944-1998) se tornou um ícone do samba de partido-alto e do pagode carioca. Cantora e compositora, Jovelina teve uma trajetória artística inspiradora, abrindo caminho para outras vozes femininas no gênero. Sua obra valorizou as raízes do samba, representando a força do subúrbio e da mulher negra na música brasileira.

Para reverenciar a vida e a obra dessa mulher singular, o jornalista e escritor Leonardo Bruno repete a parceria com o diretor Luiz Antonio Pilar —, iniciada com o premiado “Leci Brandão – Na Palma da Mão”, vencedor do Prêmio Shell na categoria Direção — para apresentar o musical “A Pérola Negra do Samba”, que estreia em 20 de setembro no Teatro Carlos Gomes, no Centro do Rio. As apresentações acontecem quintas e sextas, às 19h, e sábados e domingos, às 17h, até 9 de novembro.

Em cena, a atriz, cantora e compositora Afro Flor interpreta Jovelina. Ela divide o palco com Thalita Floriano, Fernanda Sabot e Thiago Thomé, que dão vida a pessoas marcantes da vida e carreira da artista, como sua família e personalidades como Clementina de Jesus, grande inspiração de Jovelina. Com muito bom humor, a peça é construída a partir das músicas de Jovelina e tem como narradora a Dona Cebola, personagem de “Feirinha da Pavuna”, uma das mais conhecidas da cantora. Essa canção abre o espetáculo e inspira o cenário e o figurino, que remetem ao colorido universo das feiras livres do subúrbio carioca, com seus caixotes e placas com letras em filete.

Outros sucessos como “Bagaço da Laranja”, “Sorriso Aberto” e “Luz do Repente” também estão na montagem, assim como lados B como “Amigos Chegados”, “Flor Esmaecida” e “Samba Guerreiro”. Mais de 20 músicas costuram a dramaturgia do espetáculo.

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Projeto Clarice

Projeto Clarice traz para o palco o encontro entre quatro atrizes e o diretor Cesar Ribeiro, com o desejo de refletir sobre o feminino a partir de temas que percorrem a obra de Clarice Lispector, como subjetividade, identidade, alteridade, família e afetos. A obra foi construída a partir de cinco contos da escritora: Via Crucis, Menino a Bico de Pena, A Legião Estrangeira, Amor e O Ovo e a Galinha.

Cada texto retrata um aspecto diferente da vida de uma mulher e tem como protagonista uma das atrizes: Via Crucis é uma parábola sobre o nascimento de Cristo; Menino a Bico de Pena foca na relação entre mãe e filho a partir da alteridade; A Legião Estrangeira trata da formação da identidade tendo como base a relação entre uma mulher e uma menina; Amor destaca a identidade de uma mulher em meio ao seu núcleo familiar; e O Ovo e a Galinha é uma espécie de metafísica de todas essas situações.

As narrativas se alternam entre cenas individuais e dialógicas, com participações das outras atrizes como agentes narrativos. A ideia da montagem é discutir a construção do feminino em uma sociedade machista, de uma maneira lúdica e poética.

Na direção, Cesar Ribeiro explora uma atuação que mescla realismo, simbolismo e extrarrealismo. O protagonismo é feminino, mas existem figuras masculinas presentes no espetáculo: Pedro Conrado, Matheus Sabbá e Eneas Leite aparecem vestidos de smoking preto e máscaras de peixe, aludindo a uma masculinidade sem rosto, em referência ao livro A Mulher que Matou os Peixes.

A trilha sonora transmite a sensação de velocidade do tempo contemporâneo, apresentando canções oriundas de jogos eletrônicos, budots (música eletrônica das Filipinas), punk, Mercedes Sosa e efeitos sonoros, representando a vida como um grande jogo.

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Depois

De: Gabriel Flores Com: Danilo Maia, Maitê Padilha e Patrícia BelloDireção: Gabriel FloresRealização: Fantasmática Cia. de Teatro e Flores Produções Após bem-sucedidas temporadas no Teatro Gláucio Gill, em Copacabana, e no Teatro da UFF, em Niterói, o espetáculo Depois, da Fantasmática Cia. de Teatro, chega à Tijuca para uma curtíssima temporada no Teatro Municipal Ziembinski, com apenas

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O Legado – Um diálogo com Caio Fernando Abreu

O Legado – Um diálogo com Caio Fernando Abreu celebra os 20 anos da Companhia de Teatro Íntimo através do encontro entre três gerações de homens gays, colocando em cena o amor e a relação saudável com a sexualidade. O espetáculo parte de um fato real: exatos 30 anos após a montagem de “Pela Noite”, texto de Caio Fernando Abreu assistido e aplaudido pelo próprio escritor em 1995, um grupo de atores decide remontar a peça.

Para a remontagem, três homens gays que viveram o auge das décadas de 1980 e 1990 são convidados a contar sobre os seus amores interrompidos pela chegada do HIV. A montagem prioriza o amor e a alegria de viver para contar essas histórias, jogando luz sobre o legado que Caio e a geração que viveu a época em que a AIDS chegou ao Brasil deixou para as gerações mais jovens.

A história encenada é um diálogo entre realidade e ficção. Renato Farias coloca em cena duas cartas inéditas que recebeu de Caio Fernando Abreu após o espetáculo que o escritor assistiu, meses antes de falecer em fevereiro de 1996. A peça traz três gerações que se intercalam, mostrando a diferença do impacto do HIV em cada uma: a geração dos 60 anos, tolhida pela doença; a dos 40/45 anos, que já associava sexo e camisinha naturalmente; e a atual, com mais liberdade devido aos avanços médicos.

O espetáculo busca tirar a culpa que vem de geração em geração e colocar o prazer e o autoconhecimento através da sexualidade no centro da vida, celebrando um legado de valorização da vida, do amor e das relações saudáveis.

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Na Quinta Dor

Na Quinta Dor tem como ponto de partida a experiência de quase morte vivida pela atriz e dramaturga Dora de Assis. Sob a direção de Joana Dória e Lara Coutinho, o espetáculo visita as memórias de uma vivência dolorosa numa tentativa de reelaborar o que foi vivido.

Em menos de dois meses, no último ano, Dora passou por três internações e duas cirurgias, que deixaram cicatrizes em sua pele e em sua história, fazendo-a repensar a vida e revisitar também suas lembranças escolares, na infância e adolescência, e como professora de artes para turmas de crianças pequenas.

Apesar de tratar de um assunto trágico – uma sucessão de situações hospitalares em um curto período de tempo, que teve início com uma amigdalite que se transformou em um abscesso retrofaríngeo, seguida de uma sutura no pé e logo depois, uma apendicite que revelou um câncer no órgão — Na Quinta Dor trata desses e outros temas com humor e leveza.

A dramaturgia usa a internação, a doença e a quase morte como metáforas para discutir questões mais amplas sobre a condição humana. Por meio de relatos pessoais, que envolvem a vivência como artista e educadora de arte, e da influência que os acontecimentos hospitalares tiveram diante de sua vida e trabalho, Dora se desdobra em relatos a fim de estabelecer uma relação mais íntima entre o existir, o fazer artístico e o trabalho educacional através do risco, no sentido do ímpeto, como possibilidade única de ação.

Dora sofreu negligência e violência médica, situação que agravou ainda mais o quadro delicado. Mas o foco do espetáculo não é esse, embora passe por esse lugar. Na Quinta Dor fala, com leveza e humor, sobre os impactos que o corpo sofre e o que permanece nele.

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