O projeto “Aproximando Danças: redes que se fortalecem” nasceu da parceria entre os artistas Alysson Amancio (Ceará) e Camila Fersi (Rio de Janeiro), que desde 2017 colaboram para transpor distâncias geográficas e desterritorializar espaços tradicionais da dança. Com a missão de difundir a arte e fortalecer mutuamente suas criações, o projeto percorre as cinco regiões do Brasil com uma programação gratuita, que inclui os solos “Coisa” e “O cheiro da Lycra”, o duo “Isso não é uma coreografia” e oficinas abertas. A iniciativa visa estreitar laços e fomentar novas conexões entre artistas e espaços de dança em todo o país, promovendo a união entre o Nordeste e o Sudeste.

“Coisa” é uma paisagem sonora virtual. Trata do campo de forças entre frequências sonoras, temperaturas das cores e os movimentos do corpo. A Concepção, criação e interpretação é de Camila Fersi, a direção de arte de Natália Quinderé e trilha sonora de Bela Com Som. Segundo Camila, “COISA é uma paisagem sonora temperada, uma experiência sinestésica tanto para quem dança quanto para quem assiste. Trata daquilo que não conseguimos dar nome, mas sentimos concretamente no peito. Fala do movimento da memória dos sentidos: um cheiro que lembra uma música, um som que lembra um lugar, um espaço que dispara uma sensação, um humor que gera movimento, ou ao contrário e pelo avesso.”

“O cheiro da Lycra” se faz a partir das memórias do intérprete-criador Alysson Amancio e seus enfrentamentos ao assumir-se como gay/bailarino/negro, tendo nascido “macho” no interior do Ceará, onde as expectativas são marcadas por estereótipos de gênero. O solo traz a constante e árdua luta por descolonizar-se da branca-cis-heteronormatividade. Com tutoria do artista Fauller e colaboração dos artistas Luiz Renato e Kel Maia na criação, o trabalho vem circulando pelo Brasil desde 2021.

“Isso não é uma coreografia” é o duo de Alysson Amancio e Camila Fersi que parte de imagens e corporalidades do interior mineiro e do interior cearense para ativar as movimentações e descrições de movimentos dos artistas. O trabalho propõe uma fricção entre o que se vê e o que se pode falar sobre o que é visto e assim, brinca com a elasticidade dos sentidos e o embate com as palavras que muitas vezes não dão conta dos acontecimentos.