Criadas por Larissa Siqueira, Aparição e Reencarnação compõem um díptico cênico em que uma obra se desdobra a partir da outra. Se em Aparição a cena se apresenta como forma acabada, elaborada no campo da linguagem e da presença, Reencarnação retorna aos seus rastros, aos materiais em bruto, às perguntas ainda em aberto.

Em formato de palestra-performance, a segunda obra revela o avesso da primeira, criando um jogo de espelhos entre processo e resultado, interior e exterior, invisível e visível, anônimo e nomeado.

Aparição propõe o sonho como escolha possível. A personagem não escapa da realidade, mas a amplia. Acolhendo a subjetividade como potência criadora, a artista recusa os limites da realidade objetiva e convida o público a repensar os modos dominantes de subjetivação no contemporâneo.

Com linguagem híbrida e tom confessional, Reencarnação investiga a possibilidade de reencarnar sem morrer. A artista parte de um catálogo pessoal de aparições, onde se misturam obras como as das artistas Janaína Leite, Grace Passô e relatos íntimos, como os estranhos hábitos de sua mãe. Entre o performativo e o ensaístico, a artista reflete sobre as múltiplas vidas que habitamos, dentro e fora de nós.

Reencarnação e Aparição formam um díptico cênico em que uma obra se revela como o avesso da outra. Enquanto Aparição é a peça acabada, Reencarnação expõe seus vestígios, seus materiais em estado de investigação. Juntas, compõem uma relação de espelho — onde o que é ausência em uma, se torna presença na outra.