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Trilhas da Cena

Ella

De Herbert Achternbusch

direção: Vicente Mahfuz

Realização: Teatro Sim... Por Que Não?!!!

Um homem com uma faixa de penas na cabeça e avental segura uma caneca vermelha, em pé ao lado de uma senhora idosa de cabelos grisalhos e expressão sombria, sentada em frente a uma cerca de arame e fundo escuro. Foto: Sérgio Vignes
Foto: Sérgio Vignes
Um homem com uma faixa de penas na cabeça e avental oferece uma xícara vermelha a uma senhora idosa de cabelos grisalhos, sentada e de casaco. Foto: Sérgio Vignes
Foto: Sérgio Vignes
Em um mundo atravessado por ruídos, silenciamentos e repetições, Ella é uma mulher que insiste em existir. Fragmentada, rejeitada, mutilada — física e simbolicamente — ela ressurge entre memórias partidas e lampejos de lucidez, confrontando um sistema que tenta apagar sua história. Na primeira montagem brasileira do texto de Herbert Achternbusch, o Grupo Teatro Sim… Por que Não?!!! constrói uma experiência sensorial e afetiva que não apenas atualiza, mas amplia a potência do texto original, transformando-o em um espelho inquietante do agora. Embora enraizada na história alemã do pós-guerra, a trajetória de Ella ultrapassa essa moldura. A fragmentação da identidade, o desafio em conviver com um passado traumático, a opressão de sistemas que silenciam o que é incômodo; tudo isso ressoa em diferentes geografias e tempos, nos quais feridas históricas ainda sangram em silêncio. A personagem ecoa vozes marginalizadas que, apesar da violência simbólica ou concreta, continuam a resistir. Perdida entre a memória e a anestesia, Ella nos faz refletir sobre o preço da conformidade e a necessidade de seguir em frente.
Nossa encenação é atravessada por influências do expressionismo e do simbolismo, investindo em contrastes visuais, ângulos extremos e na sensação de inevitabilidade. Não importa para onde Ella tente seguir, sua vida parece condenada à repetição. Como romper esse ciclo? Em cena, sua consciência se multiplica — como notificações ininterruptas numa tela de celular — sobrepondo ritmos, distorcendo memórias, criando rachaduras no tempo por meio de luzes, sons e imagens. A fragmentação do texto se espelha na dispersão da mente contemporânea, onde o excesso de estímulos sufoca a capacidade de elaborar, de lembrar, de desejar. Ella é presença espectral, figura-limite, corpo que resiste à normalização. Com sua voz quebrada e sua lucidez ferida, sua história desafia categorias fáceis e nos lembra que, enquanto houver perguntas, ainda haverá esperança.
Fundado em 1986, em Florianópolis, o grupo Teatro Sim… Por Que Não?!!! se consolidou como referência em experimentação cênica, explorando linguagens como tragicomédia, pantomima e comédia inglesa. Com mais de 12 montagens no repertório — incluindo clássicos como “A Farsa do Advogado Pathelin” (em cartaz desde 1996) e “Hiportemia” —, a companhia se destacou por ocupar espaços não convencionais e promover a democratização do teatro. Premiado e reconhecido nacional e internacionalmente, o grupo acumula 27 prêmios e apresentações em 17 estados brasileiros, além de participações em festivais na França e Argentina. Em 2016, celebrou 30 anos de atividades com a Medalha de Personalidade das Artes Cênicas (ACLA) e o lançamento do livro “Teatro Sim… Por Que Não?!!! – Caminhos e Processos”. Sua atuação social incluiu o Festival Itinerante de Teatro, que levou espetáculos a 160 cidades catarinenses, muitas com baixo IDH, reforçando seu compromisso com arte acessível e contemporânea. Uma trajetória marcada por longevidade, ousadia e impacto cultural.

Serviço

2 e 3 de maio (sexta e sábado), às 20h
4 de maio (domingo), às 18h

Local: Teatro Álvaro de Carvalho (TAC)
Endereço: Rua Marechal Guilherme, 26 Centro

10 de maio (sábado), às 20h
15, 16 e 17 de maio (quinta a sábado), às 20h
18 de maio (domingo), às 18h

Local: Teatro da Ubro
Endereço: R. Pedro Soares, 15 – Centro

Cidade: Florianópolis (SC)
Duração: 70 minutos
Tipo de evento: pago
preço: a partir de R$ 25

ingressos antecipados aqui ou na bilheteria dos teatros.

Classificação indicativa: 14

Ficha Técnica e artística

Direitos de apresentação: S. Fischer Verlag GmbH, Frankfurt am Main, Alemanha
Autor: Herbert Achternbusch
Tradução: Maria Aparecida Barbosa
Direção: Vicente Mahfuz
Diretor assistente: Júlio Maurício
Dramaturgista: Vicente Mahfuz
Preparação corporal: Vicente Mahfuz
Elenco: Berna Sant’Anna e Nazareno Pereira
Cenografia: Fernando Marés
Iluminação: Domingos Quintiliano
Figurinista: Melissa Versari
Consultoria artística do figurino: Luiz Fernando Pereira (LF)
Confecção de chapéu: Andréia R. Campos
Trilha sonora: João Medeiros
Montagem e operação de iluminação: Iscarlat Lemes
Operação de som: João Medeiros e Mateus Lanzarin
Construção do cenário: Fabiano Hoffmann
Cenotécnico: Sérgio Cândido
Marcenaria: Eduardo Henrique Silveira
Fotografia: Luiza Filippo e Sérgio Vignes
Intérprete de libras: Bárbara Peres
Costureira: Iraci Goulart
Costureira da rotunda: Rose Mathias
Taxidermia: João Eudes Firmino
Projeto gráfico: Maurício Peixoto
Assessoria de comunicação: Juliano Zanotelli e Leticia Bombo
Locução: Ana Paula Possapp
Contabilidade: Janaina Romão
Elaboração de projeto/captação: Maria Teresa L. Collares/Rede Marketing Cultural
Equipe de produção: Júlio Maurício e Nazareno Pereira
Agradecimentos: Escola Livre de Artes (ELA), Alencar Araujo Rosa, Rolney Barreto, Margarida Saraiva, Nelson Zunino Duarte, Josiane Oliveira Duarte, Jorge Luiz Vanuci Baixo, Simone Simon e Antônio Marcos

As informações aqui prestadas são de responsabilidade de Juliano Zanotelli
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