Eu Sou um Monstro leva à cena reflexões sobre os limites (ou a falta deles) na arte, as relações dos artistas-criadores com suas personas e com a plateia, além do amor e as diversas formas de expressá-lo. Para criar a performance, Haten se inspirou em um episódio real vivido pelo artista plástico irlandês Francis Bacon (1909 – 1992).

Em 1971, na noite em que o Grand Palais de Paris homenageava Bacon com uma retrospectiva de seu trabalho, George Dyer, amante do pintor, comete suicídio. O artista e sua agente encontram o corpo de Dyer e decidem deixá-lo no mesmo lugar, para não atrapalhar o seu grande dia.

A partir deste episódio real e perturbador, Fause Haten constrói uma performance que questiona os limites éticos da arte e as complexas relações entre criação artística e vida pessoal. O trabalho explora como os artistas lidam com suas personas públicas e privadas, e como o amor pode se manifestar de formas contraditórias e até mesmo destrutivas.

A performance convida o público a refletir sobre até onde um artista pode ir em nome de sua arte, questionando os sacrifícios pessoais e morais que podem ser feitos em busca do reconhecimento e da preservação do trabalho artístico. Através da figura de Francis Bacon, um dos mais importantes pintores do século XX, conhecido por suas obras viscerais e perturbadoras, Haten examina a tensão entre a genialidade artística e a humanidade do criador.

O trabalho propõe uma reflexão profunda sobre a natureza da criação artística, os custos pessoais do sucesso e as complexas dinâmicas entre amor, arte e ambição, questionando se existe uma linha que separa o artista do monstro que ele pode se tornar em nome de sua obra.