A história da tartaruga mais velha do mundo inspira o monólogo Jonathan, escrito e interpretado por Rafael Souza-Ribeiro, que reestreia em sua terceira temporada no Teatro Poeira, em Botafogo. Dirigida por Dulce Penna, a peça recebeu duas indicações ao Prêmio Shell de Teatro (Dramaturgia e Direção) e acaba de concluir turnê pelo estado do Rio.

Misturando humor, poesia e fantasia, Jonathan acompanha um jovem negro de 17 anos que herda o ofício do avô: cuidar de uma tartaruga centenária numa ilha marcada por colonialismo e conservadorismo. A narrativa se desenvolve como uma fábula contemporânea sobre tempo, herança e resistência, explorando as complexidades de crescer em um ambiente onde tradições ancestrais se chocam com estruturas opressivas.

O espetáculo constrói uma reflexão poética sobre a passagem do tempo e os legados que carregamos, utilizando a figura da tartaruga como metáfora para a longevidade da memória e a persistência diante das adversidades. A dramaturgia de Rafael Souza-Ribeiro cria um universo onde o fantástico e o real se entrelaçam, revelando camadas profundas sobre identidade, pertencimento e a força transformadora da juventude.

Com direção sensível de Dulce Penna, Jonathan se estabelece como um trabalho maduro que dialoga com questões contemporâneas através de uma linguagem teatral que combina elementos épicos e líricos, criando uma experiência única para o público.