Miúda é um espetáculo de dança que parte das múltiplas sabedorias encarnadas em manifestações da diáspora africana, na simbologia e os arquétipos das entidades afro-indígenas e seus desdobramentos em danças da contemporaneidade.

O espetáculo é baseado em um ponto de encantaria da linha de Boiadeiros que dá direcionamento para o nome da peça: “Uma é maior, outra é menor, a miúda é quem nos alumeia/ Pedrinha miudinha de Aruanda ê”. O trecho fala do brilho das coisas pequeninas, que podem concentrar mistérios e poderes profundos.

Para a idealizadora e diretora artística, Tamires Costa, a peça se confunde com sua vida. “A peça se confunde com a minha vida, com meu corpo. Sou a filha e neta mais nova, então sou essa pequenininha, eu vivi isso até no nome. Algumas pessoas me chamam de ‘Tamirinha’ pelo meu porte. O trabalho tem sido muito esse de ver a potência e o brilho que habita no miúdo e poder se encantar por isso”, explica.

O projeto desenvolve um estudo sobre a miçanga, material ligado à proteção, conexão e poder espiritual, visando produzir materiais cênicos e estudos coreográficos. “A miçanga tem sido esse material que potencializa a pesquisa acerca das miudezas e falar do miúdo, para mim, é abordar aquilo que não damos atenção”, analisa Tamires.

A apresentação é um convite à escuta sensível, à valorização das ancestralidades e à celebração das potências que habitam o que é pequeno, discreto e encantado.