Negra Palavra – Poesia do Samba parte da percepção de que nossos sambistas são nossos maiores poetas e que, muitas vezes, a riqueza das letras e suas poesias acabam não recebendo a atenção merecida. O espetáculo inédito tem sua narrativa iniciada numa homenagem a Nei Lopes, um dos maiores intelectuais negros brasileiros.

A concepção teve inspiração nas inúmeras pesquisas realizadas por Nei Lopes, que publicou romances, contos, poemas e dicionários fundamentais para entender a importância do legado e da presença afro-brasileira no Brasil. Unem-se ao anfitrião as letras de outros grandes poetas/compositores, como Arlindo Cruz, Bezerra da Silva, Candeia, Cartola, Geraldo Pereira, Guará, Jorge Aragão, Jovelina Pérola Negra, Leci Brandão, Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Zé Keti, entre outros mestres do samba.

Na cena, as letras/poemas serão ditas, e não cantadas, reforçando uma compreensão inédita do lirismo das composições. A escolha incluiu somente compositores negros, investigando a alta voltagem poética que as letras de samba já trazem consigo e honrando os sambistas como poetas que são.

Compreendendo que o samba nasce no feminino, nas casas que primeiro o acolheram ainda nos tempos de resistência sob o signo do preconceito, o Complexo Negra Palavra convidou a atriz Olívia Araújo, única mulher em cena, para contribuir com sua experiência profissional e vivência pessoal diretamente ligada ao samba.

Seguindo a linha dos trabalhos da companhia, o debate antirracista se faz presente e lança luz para uma cultura que é maior do que o próprio samba, passando por um modo de vida, por atos de resistência que seguem de geração em geração, e por uma reverência a toda ancestralidade africana.