Orúkọ
De: Mateus Amorim
Com: Hilda Maretta
Direção: Tatiana Henrique
“Orúkọ é UBUNTU. É ter consciência de que todos aqueles que vieram antes de mim não lutaram em vão”, destaca Hilda Maretta, atriz e idealizadora do espetáculo Orúkọ, que reflete sobre a ancestralidade diante do apagamento histórico das narrativas negras no Brasil. Iniciado como uma cena curta, o projeto percorreu festivais e conquistou prêmios como “Melhor Atriz” e “Melhor Cena” no FEST&ARTE 2022, além de receber seis indicações no 13º FESTU.
O espetáculo traz a problemática em torno dos nomes de pessoas negras no Brasil, já que, em 1890, Ruy Barbosa de Oliveira, então ministro da Fazenda, mandou queimar todos os documentos ligados ao período da escravidão. A destruição desses arquivos impediu não apenas a responsabilização legal pelos crimes cometidos, como também apagou os registros que poderiam conectar os ex-escravizados às suas origens, famílias e nomes. “Tomar consciência de quem somos nos faz questionar as imposições feitas, o silenciamento sofrido, o apagamento de nossos nomes, de nossa cultura”, ressalta Hilda.
O ponto de partida do espetáculo é a história da aparição de Nossa Senhora do Rosário, muito presente nos ternos de Congada. A peça costura relatos e narrativas cotidianas, sempre levantando a mesma questão: “Qual a importância do nome das coisas?”. Para Hilda, a reflexão vai além da nomeação em si — trata-se de compreender o significado que atribuímos a ele. “Por que alguns nomes merecem ser lembrados e outros não? Quem faz essa distinção?”, questiona.
Neta de congadeiros, Hilda tem o mesmo nome da avó. Foi ao perceber o peso simbólico desse nome herdado que ela passou a investigar o passado de sua família. “Orúkọ nasce da necessidade de me reencontrar, me refazer, me reconectar com meus ancestrais. A busca por compreender por que recebi o nome da minha avó, o medo de não ser alguém, e sim uma continuidade de outra vida. Foi a partir dessas questões que o espetáculo surgiu”, explica a idealizadora.
Com direção de Tatiana Henrique, pesquisadora de oralidades africanas há mais de 20 anos, e dramaturgia de Mateus Amorim, o espetáculo entrelaça comédia, drama, música e contação de histórias. A obra pretende despertar no público a consciência sobre os efeitos do apagamento cultural e a potência da ancestralidade. “Espero que o público perceba que todas as histórias são importantes. Que o apagamento de diversas culturas acontecem todos os dias de forma sutil dentro de nossa sociedade”, finaliza Hilda.
Serviço
Datas e horários: 6 a 15 de novembro de 2025 | quinta a sábado, às 19h
Local: Teatro Municipal Gonzaguinha
Endereço: Rua Benedito Hipólito, 125 – Centro – Rio de Janeiro (RJ)
Tipo de espetáculo: Pago
Preços: R$30 inteira | R$15 meia | R$10 lista amiga
Informações sobre compra ou retirada de ingressos não fornecidas
Ficha artística e técnica
Concepção e atuação: Hilda Maretta
Direção: Tatiana Henrique
Dramaturgia: Mateus Amorim
Responsável pelas informações aqui apresentadas: Higor de Souza
Caso encontre um erro ou divergência de dados, favor entrar em contato enviando mensagem para higordesouzasantana@gmail.com.
QUER TER PÁGINAS NO TRILHAS DA CENA?