Bebido nas vertentes de Beckett, Ionesco, Arrabal, Jarry e Adamov, as situações paradoxais da peça, tem muito à dizer, pois além de sua absurdez e delírio, nos conta uma história que pode se passar num bunker, num hospício ou mesmo dentro do sonho de um insano. O Nemesys Coletivo Cênico, formado por experientes atores, vem com uma proposta de não ser convencional, padronizado ou normalizado, tanto que o texto do espetáculo é cheio de referências à pop art, ao cinema e a própria arte cênica, sendo que, personagens baseados em pessoas reais confrontam com mitos de culturas judaicas, astecas e sumérias. Sem ser complexo, Tiamat (um dragão das mitologias suméria e babilônica) é o ícone central de toda a trama apocalíptica, que com os seus diálogos que beiram a insanidade e subvertem a lógica com situações absurdas, mas que tecem uma teia de verdades e transmitem um manifesto contra a destruição que a humanidade em ritmo desenfreado e vertiginoso, provoca para sua própria devastação.