ANTÍGONA
Cia. Sonho & Drama (MG)
Direção: Carlos Rocha
Estreia: 1986
Atualizada em 18/02/2025
Antígona trata da luta pelo poder desencadeada na cidade de Tebas, onde dois irmãos – Polinice e Etéocles – morrem guerreando-se mutuamente. O tirano Creonte, tio dos jovens, proíbe que Polinice, o invasor seja enterrado. Antígona, irmã dos dois combatentes, desrespeita o decreto e dá sepultura ao irmão, invocando as leis divinas e os costumes, segundo ela, mais fortes do que aquelas estabelecidas posteriormente pelos homens.
“De Sófocles a Brecht
De Brecht a Sonho e Drama.
Não estamos fazendo uma Tragédia, e sim, montando um texto trágico-político.
Também adaptamos a adaptação do Sr. Brecht principalmente no que nos pareceu demasiado dura, dogmática.
Cortamos o Prólogo – Berlim, 1945 – que apesar de belíssimo, nos pareceu extremamente localizado: Berlim, 1945. Hoje teria sentido falar de Zuzu Angel, mas acreditamos já estar falando com a força do texto.
Transformamos o Coro de Anciãos em Coro dos Conselheiros Reais de Tebas e criamos o Coro 2 – que simboliza a oposição tebana.
Algumas alterações de ordem cronológica foram feitas. Cortamos do texto toda a referência a Édipo Rei.
E, finalizando. Diversos personagens e acontecimentos que existiam apenas enquanto narração, passaram à existência real – teatral.
Durante quase 6 meses de ensaio desenvolvemos quase todo o trabalho de interpretação em função de três conceitos: signos, impulsos e partitura. Bem como na discussão e aprofundamento dos elementos de distanciamento já incorporados em nossa linguagem-proposta.
O ESTADO É POSSÍVEL? THAT’S THE QUESTION.”
Texto assinado pela companhia, presente no programa do espetáculo.
Equipe
Texto: Sófocles, Holderlin, B. Brecht
Tradução: Cida Falabella e Gil Amâncio (com valiosa colaboração de Luiz Alberto)
Adaptação/finalização texto: Carlos Rocha
Elenco: Cida Falabella, Paulo Lisboa, Helvécio Izabel, Jonas Miquéas, Elisa Santana
Direção geral: Carlos Rocha
Assistência de direção / preparação corporal: Gil Amâncio
Figurino: Criação Coletiva
Direção musical: Gil Amâncio
Músicos: Gil Amâncio e Gudah Coelho
Luz: Carlos Rocha
Objetos cena / adereços: Wanda Sgarbi, Renata Dias Franca, Alexandre Amaral
Programação visual: Leo Santana e Rosangela Campos
Produtora executiva: Sônia Camarão
Divulgação BH: Luiz Hippert
Divulgação SP: Izo Zeigerman
Produção geral: Cia Sonho e Drama
Programa do espetáculo
Conversa com o elenco (2022)
Cia. Sonho e Drama
A Cia. Sonho & Drama, companhia teatral mineira fundada em 1979 em Belo Horizonte por Carlos Rocha, Adyr Assumpção, Luis Maia e Hélio Zollini, destacou-se no cenário teatral brasileiro por sua abordagem coletiva e inovadora. Surgiu em um período de efervescência cultural em Minas Gerais, ao lado de grupos como Oficcina Multimédia e Galpão, buscando renovar a linguagem teatral e consolidar uma produção artística autônoma. Seu primeiro espetáculo, “O Processo” (1981), baseado na obra de Franz Kafka, recebeu o Troféu João Ceschiatti e críticas positivas por equilibrar experimentalismo e crítica política sem cair no panfletarismo.
Em 1985, a companhia conquistou projeção nacional com “Grande Sertão: Veredas”, primeira adaptação teatral do romance de Guimarães Rosa. A montagem, aclamada por transpor a complexidade literária do texto para o palco, utilizou uma dramaturgia performativa e fragmentada, consolidando o conceito de transcriação — prática que reinterpretava obras literárias com liberdade poética, transformando-as em novas criações cênicas. Esse método, inspirado no poeta Haroldo de Campos, aliou-se a técnicas como cartografia e bricolagem, explorando narrativas não lineares e a interação com o público.
A Cia. Sonho & Drama valorizava o trabalho coletivo, envolvendo todos os integrantes nas etapas criativas, do roteiro à encenação. Essa dinâmica resultou em espetáculos como “Antígona” (1986), versão radical da obra de Brecht, e “Vida de Cachorro” (1988), peça infantil que permaneceu em cartaz por cinco anos e circulou por festivais internacionais. Em 2002, o grupo reestruturou-se como Zona de Arte da Periferia (ZAP 18), direcionando seu foco para projetos socioculturais e formação teatral em comunidades periféricas, mantendo seu compromisso com a democratização da arte.
Ao longo de sua trajetória, a companhia deixou um legado marcante no teatro brasileiro, não apenas por suas montagens ousadas, mas também por sua contribuição à formação de artistas e à pesquisa cênica. Sua abordagem, que mesclava literatura, performance e crítica social, influenciou gerações e reforçou o papel do teatro como espaço de reflexão e transformação.
Outro espetáculo da companhia no Trilhas da Cena
A CASA DO GIRASSOL VERMELHO (1991)
Espetáculo baseado nos contos “A Lua”, “Bárbara”, e “Os três Nomes de Godofredo” e que utiliza o título de um quarto conto de Murilo Rubião, não incluído, nomeando o espetáculo: “A Casa do Girassol Vermelho”.
As fotografias deste espetáculo de autoria de Guto Muniz foram feitas em filme e digitalizadas a partir de recursos do projeto “O teatro em BH no final do século XX – digitalização do acervo de Guto Muniz”. Projeto nº 0821/2020

A atualização dos dados desta página bem como a veracidade das informações nela contidas são de responsabilidade de Guto Muniz. Caso encontre um erro ou divergência de dados, favor entrar em contato pelos canais acima ou enviando mensagem para gutomuniz@focoincena.com.br

Acesse via celular ou tablet e compartilhe.
Compartilhe esta página em outro dispositivo móvel.
Esta página é mantida com recursos gerados através do apoio de nossos colaboradores via campanha de financiamento coletivo recorrente do Trilhas da Cena na plataforma Catarse. Sem esse apoio, seria impossível manter essa página no ar.
Participe de nossa campanha e ajude a preservar a história das artes cênicas brasileiras.
Acesse: https://www.catarse.me/trilhasdacena
QUER TER PÁGINAS NO TRILHAS DA CENA?