A Panacéia - GrupA de Teatro
Cidade: Salvador
Estado: Bahia
Ano de criação: 2008
Página atualizada em 04/12/2025
Fundada em 2008, em Salvador/BA, A Panacéia existe como grupA de teatro que congrega mulheres em suas equipes de trabalho e que cria repertório engajado com propostas feministas e de visibilidade de mulheres históricas. Criada como um coletivo de atrizes, trabalhamos com diretoras convidadas a cada nova montagem e nos caracterizamos como espaço de investigação que parte da concepção dos projetos para o desenvolvimento de texto e cena. A grupA, a partir de seu segundo espetáculo, decidiu investir na pesquisa em dramaturgia e em formas de criação coletiva, partindo para a escrita de seus próprios textos. Desde então, temos trabalhado sempre com repertório autoral.
A Panacéia circulou local, nacional e internacionalmente, e esteve na fundação e gestão do Colectivo Âmbar, rede de artistas da América Latina, trabalhando em suas atividades de formação, criação em coprodução internacional e na criação do festival da rede, o FITLÂ. Particularmente nos interessam as trocas e o contato com os outros países da América Latina. Nos articulamos em redes e atualmente integramos o Movimento Teatro Profissional da Bahia e Rede Pavio (Rede de Grupos de Teatro de Pesquisa e Ações Continuadas do Nordeste). Nos últimos anos, A Panacéia aprofundou-se em pesquisar mulheres da História, investigação que norteia as últimas produções artísticas. Ainda afinadas com esta direção, as atividades formativas d’A Panacéia são direcionadas a mulheres e meninas, por meio de cursos e oficinas de teatro que promovem a propriocepção, o trabalho de grupo e a investigação de trajetórias de mulheres da História, como caminho para a transformação social e a conquista da equidade de gênero.
Histórico
Em 2010, A Panacéia estreou seu 1º espetáculo, uma montagem de Dorotéia, texto de Nelson Rodrigues e direção de Hebe Alves. A peça conquistou o Prêmio Myriam Muniz de Montagem, circulou pelo estado da Bahia, pelo Brasil e integrou a mostra Verano Malayerba (Equador, 2013), além de ter sido agraciada com o “Prêmio por Inovação e Criatividade” do festival TeatranlyKoufar, em Minsk, na Bielorrússia, e foi selecionada para o festival da Funarte que celebrou o centenário de Nelson Rodrigues, com apresentações no Teatro Dulcina (RJ).
A partir de 2011, a grupA desenvolveu sua trajetória autoral com a performance Lua Caída (2013) e os espetáculos Lua Crescente (2013), cujo texto foi selecionado para o Women Playwrights International, em Capetown, África do Sul. Lua Cheia (2015) estreou na segunda edição do Festival Itinerante de Teatro Latinoamericano Âmbar e Nenhuma Carta (2016) passou por festivais locais e nacionais.
A partir de 2019, consolidou seu foco em pesquisa sobre mulheres da História com EU PAGU (2019). Em 2024, Filipa, com direção de Elisa Mendes, foi agraciada com o 12º Prêmio Ordem do Mérito Cultural da Diversidade LGBT+ do Grupo Gay da Bahia, ao trazer a trajetória de Filipa de Souza, mulher sáfica que enfrentou a Inquisição.
Complementando essa linha de pesquisa, os espetáculos infantis 200+1 – As Heroínas da Independência e Meninas Contam a Independência aproximam essas histórias do público infantil e adolescente, recontando a independência do Brasil a partir das heroínas que fizeram a luta popular na Bahia.
Meninas Contam a Independência
Espetáculo infantil, em repertório
Duas atrizes descobrem um misterioso jogo de tabuleiro e embarcam numa divertida jornada rumo ao resgate da memória de mulheres na história do país. Meninas Contam a Independência é uma “peça-jogo”, um espetáculo lúdico, interativo e imprevisível como todo jogo de tabuleiro. A única certeza é que, até o final da partida, muitas serão as histórias desvendadas sobre as heroínas da Independência do Brasil na Bahia. Personagens como Joana Angélica, Maria Felipa, Maria Quitéria e Urânia Vanério fazem parte das histórias, desafios e enigmas deste jogo. Meninas Contam a Independência é o novo trabalho da grupA de teatro A Panacéia, que tem texto escrito pelas integrantes da grupA, direção de Lara Couto e, no elenco, a atriz convidada Márcia Limma. O espetáculo é fruto de anos de pesquisa sobre e com as infâncias e a respeito de mulheres da História: desde 2020, Ana Luisa Fidalgo e Camila Guilera realizam oficinas de teatro com meninas (a partir dos 6 anos), adolescentes e mulheres, sempre sob o lema de “explorar cenicamente histórias de mulheres incríveis!”.
A peça realizou uma temporada de estreia de forma itinerante, em dezembro de 2024, passando por escolas, espaços de saúde pública e instituições de amparo ao público infantil. Em 2025, realizou temporada breve no Cine Teatro 2 de Julho e no Teatro Sesi Rio Vermelho, além de uma apresentação a convite do Sesc Senac Pelourinho, além de passar pelos festivais FIGA e FIAC (BA) e Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (CE). Foi indicada como melhor espetáculo infanto-juvenil do ano de 2024 no Prêmio Bahia Aplaude.
Ficha técnica e artística
Idealização e Realização: A Panacéia
Direção: Lara Couto
Dramaturgia: Ana Luisa Fidalgo e Camila Guilera
Elenco: Ana Luisa Fidalgo/Camila Guilera e Márcia Limma
Participação especial: Marina Fidalgo (voz em off da menina Urânia)
Histórias das heroínas: Criação coletiva (Ana Luisa Fidalgo, Camila Guilera, Lara Couto e Márcia Limma)
Trilha sonora original: Carla Suzart e Neila Kadhí
Canções “O jogo” e “Cansanção”: Composição de Lara Couto
Canção “Hina”: Criação colaborativa durante o curso MENINAS PODEM!, com participação de Beatriz Argolo, Flora Leopoldino, Luma Coelho e Maria Luiza Couto
Canção “Caretas do Mingau”: Letra de criação coletiva a partir de canção popular
Arranjos: Carla Suzart e Neila Kadhí
Iluminação: Núbya Guimarães
Preparação corporal e direção de movimento: Mônica Nascimento
Figurino: Ramona Azevedo
Adereços de cena e confecção de cenografia: Rita Rocha
Concepção de maquiagem: Fernanda Beltrão
Designer: Suzane Lopes (Movimento 1989)
Fotos: Marina Silva e Roama
Produção: Camila Guilera
Faça o download do porftólio do espetáculo em PDF clicando aqui.
Filipa
Espetáculo adulto, em repertório
Filipa traz aos palcos a trajetória singular e apaixonante de Filipa de Souza, personagem histórica condenada no final do século XVI pela Visitação da Inquisição Portuguesa que aportou na Bahia, Brasil, sob a acusação de “sodomia”. Filipa, segundo documentação histórica, assume que se relacionou afetiva e sexualmente com diversas mulheres e arca com as consequências de sua coragem. Na encenação, a personagem, ao revisitar seu período entre a prisão, sentença de humilhação, açoite público e degredo, faz uma digressão sobre a própria vida e defende que não tem do que arrepender-se, sabendo que o desejo fez sua vida possível, como uma mulher que, sendo livre em pensamento e alma, buscava “o gosto profundo da vida”.
Filipa é um monólogo de Camila Guilera com direção de Elisa Mendes e texto original escrito em parceria por ambas, com trilha sonora original assinada por Carla Suzart e Neila Kadhí, além de uma equipe composta exclusivamente por mulheres.
O espetáculo teve sua estreia em Salvador/BA, Brasil em maio de 2024 e já passou por mais de seis teatros na cidade, além de apresentar-se no interior do estado e participar do 30º Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, no Ceará. Filipa, ainda em 2024, recebeu o 12º Prêmio Ordem do Mérito Cultural da Diversidade LGBT+ do Grupo Gay da Bahia, organização de reconhecimento nacional, pelo seu trabalho de registrar que a homoafetividade sempre existiu e sempre foi perseguida, nos fazendo olhar para o passado para transformar o presente.
Ficha técnica e artística
Atriz: Camila Guilera
Dramaturgia: Camila Guilera e Elisa Mendes
Direção: Elisa Mendes
Trilha Sonora Original: Carla Suzart e Neila Kadhí
Figurino: Ramona Azevedo
Assistência de figurino: Márcia Azevedo
Coordenação de Costura: Guida Maria
Costureira: Márcia Azevedo e Mônica Mota
Cenografia – consultoria: Renata Mota e Laís Raña
Cenografia – concepção: Elisa Mendes
Iluminação: Luciana Liege
Operação de luz: Núbya Guimarães
Operação de som: Lidiane Souza
Acessibilidade: (((Adart
Coordenação de produção: Camila Guilera
Produção executiva: Ana Luisa Fidalgo
Assistência de produção montagem de cenografia: Amanda Lima, Eva, Lidiane Souza
Design: Suzane Lopes / @movimento1984
Assessoria de imprensa: Gabriela da Fonseca
Realização: A Panacéia, grupA de Teatro
Filipa (segundo movimento)
O processo de criação para o espetáculo Filipa ocorreu durante o período de pandemia. Diante das possibilidades, começamos a investigação criativa por meio de experimentos em vídeo.
MENINAS PODEM e NÓS!
Oficinas
Compondo o eixo formativo das atividades da grupA, o projeto MENINAS PODEM compreende a concepção, pesquisa, desenvolvimento de material pedagógico, registro, reflexão e a realização de oficinas de teatro para meninas e mulheres sob o lema de “investigar histórias de mulheres incríveis”.
Desde 2011, A Panacéia trabalha com atividades formativas voltadas exclusivamente para mulheres (todas as pessoas que assim se declarem), através de oficinas de teatro que promovem a propriocepção, a articulação coletiva e que criam espaços seguros para a livre expressão e para a narração de histórias de si. A partir de 2020, passamos a trabalhar com as infâncias, em oficinas e cursos (online ou presencial, com duração de um turno, um mês ou um ano) voltados para meninas a partir dos 6 anos de idade.
Uma oficina de teatro para investigar histórias de mulheres reais: as que fizeram a História e muitas vezes não sabemos que existiram e também nossas tias, avós, mães… Um espaço de descoberta, debate e criação, a partir da contação de histórias, jogos e outras dinâmicas. A oficina é ministrada pelas atrizes da grupA de teatro A Panacéia: Ana Luisa Fidalgo (que é também psicóloga com formação em prática clínica com crianças) e Camila Guilera (educadora com experiência de mais de uma década trabalhando com crianças da educação infantil e Fundamental I).
O foco das oficinas para a infância está na criação e contação de histórias, no estímulo à curiosidade e vontade de pesquisa em torno das histórias de mulheres, bem como no trabalho em grupo para criação de cenas. As integrantes d’A Panacéia desenvolvem jogos e materiais didáticos específicos para o trabalho com esta faixa-etária. A versão NÓS! é destinada a adolescentes e mulheres, partindo dos mesmos princípios investigativos e da busca por um espaço seguro de livre expressão.
MIL E UMA FORMAS DE MATAR UMA MULHER
Projeto em andamento
Este é o projeto em curso d’A Panacéia para sua nova montagem. Mil e Uma Formas de Matar uma Mulher é uma peça adulta que se propõe como um jogo investigativo a ser jogado — e criado — com o público presente. As pistas de um suposto crime serão sorteadas a cada noite: o local, a arma, o horário, a motivação. As atrizes em cena, então, irão improvisar “histórias para não morrer hoje”. A atmosfera de brincadeira, de jogo de tabuleiro, serve como um anteparo à densidade do tema: o feminicídio. O uso do exagero, do grotesco e da caricatura como dispositivos cênicos vai escancarar o absurdo de um tipo de crime cotidiano: a cada 17 horas uma mulher é assassinada no Brasil pelo simples fato de ser mulher.
O espetáculo se sustenta em três linhas de força: a narrativa biográfica, a linguagem jornalística e a improvisação teatral. A primeira camada mencionada é um eixo que dialoga com a pesquisa em curso d’A Panacéia: personagens históricas em cena, a presença de histórias de mulheres cujas trajetórias foram apagadas pela História oficial. Em Mil e Uma Formas de Matar uma Mulher, contaremos a vida de Maria da Penha, que escapou à morte pelas mãos de seu marido e que, na sua luta por justiça, foi até cortes internacionais para que a violência de gênero fosse tipificada na legislação brasileira.
A segunda linha de força, a linguagem jornalística, é aquela que irá alimentar com dados atualizados as pistas para o jogo. Infelizmente, material não falta: a cada dia temos tantos novos casos de mulheres assassinadas. Por fim, o terceiro eixo compreende a improvisação — nenhuma sessão do espetáculo será igual à outra. A cada noite, improvisaremos a história de como matar uma mulher e buscaremos, junto ao público, subverter esta trama.
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