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CRIME E CASTIGO 11:45

Concepção e dramaturgia: Liliane Rovaris (RJ)

a partir da obra de Dostoiévski

Direção: Camila Márdila

Duração: 70 min

Estreia: 2022

Atualizada em 15/01/2024

Foto: Thaís Grechi

CRIME E CASTIGO 11:45

Concepção e dramaturgia: Liliane Rovaris (RJ)

a partir da obra de Dostoiévski

Direção: Camila Márdila

Duração: 70 minutos

Estreia: 2022

Atualizada em 15/01/2024
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Foto: Thaís Grechi

Sinopse

Através de um diálogo direto com o público, a dramaturgia narra e encena duas trajetórias que correm em paralelo, dois encontros: o de Sônia e Raskólnikov, personagens da obra Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski, e o de Liliane Rovaris com o livro, durante um período de luto pela recente perda de seus pais.

Crime e Castigo 11:45 surge do encontro da atriz Liliane Rovaris com o clássico absoluto do autor russo Fiódor Dostoiévksi (1821-1881). Apesar de já conhecer a obra, a atriz embarcou na releitura, durante o período de luto pela perda de seus pais, motivada intuitivamente por um sentimento de solidão e uma possibilidade de recomeço, ações que encontram eco na trajetória de Raskólnikov, o protagonista do romance.

 

Assim, tendo como princípio aproximar o livro do público de forma descomplicada, acolhedora e inclusive, bem humorada, à medida em que Liliane conta a história criada pelo genial autor russo, traça paralelos com histórias sobre seus pais, tornando a ideia do luto um tipo de celebração da vida. 

 

Dostoiévski conduz seus personagens com um sentimento de compaixão, mostrando suas contradições sem jamais julgá-los ou encerrá-los em uma definição. ‘Em tempos de julgamentos imediatos, parar, observar, esperar o que vem a seguir, antes de decretar algo, foi um alento para mim. O livro foi me dando a calma e a possibilidade de enxergar aquele momento como algo em transição, em transformação’, analisa a atriz.

No decorrer da criação, em 2018, Liliane se deparou com a notícia de que Crime e Castigo é um dos livros mais lidos entre os presidiários no Brasil. Em troca de dois dias de liberdade eles apresentam um resumo do livro. E é uma dessas resenhas, publicada na matéria jornalística, que inspira o recorte dramatúrgico da peça:

 

Dostoiévski narra a história de Raskólnikov, um jovem estudante que comete um duplo assassinato e é perseguido por sua própria consciência até que conhece uma prostituta, Sônia, única pessoa para quem consegue contar sobre o crime cometido.

 

É essa trajetória que a artista narra e encena em paralelo com suas próprias memórias, incluindo uma experiência que envolve o ídolo da música, David Bowie, cujas músicas atravessam o solo. 

O cenário remete ao quarto dos pais da atriz que, apostando na potência transformadora de se compartilhar uma história, se inspira em peças performáticas, como as de Lola Arias, artista argentina que tem como marca a sobreposição entre realidade e ficção, e como as do norte americano Spalding Gray (1941-2004), cuja presença vibrante parecia sempre celebrar o milagre de estar ali, no teatro, contando uma história. 

 

Durante o processo, Liliane trabalhou o texto em uma oficina para jovens internos que cumprem medidas socioeducativas no Degase.

Através deste contato, a atriz pôde confirmar a importância e a capacidade de interação do livro com diferentes realidades, reforçando a escolha por um caminho direto e acolhedor na forma de contar essa história, fora do lugar erudito e inacessível  por vezes atribuído à obra. 

 

Revelar essa trajetória, que vai da extrema contração do ódio à redenção pela compaixão em tempos de muita intolerância, fez sentir ainda mais forte o desejo de levá-la para o teatro.

Equipe

Concepção e dramaturgia: Liliane Rovaris a partir da obra de Dostoiévski

Direção: Camila Márdila

Atuação: Liliane Rovaris

Tradução do romance: Paulo Bezerra

Direção de arte: Branca Bronstein e Patrícia Tinoco

Direção de movimento: Denise Stutz

Assistente de direção: Flow Kountouriotis

Figurinista: Gabriela Marra

Iluminação: Sarah Salgado

Operação de som: Flow Kountouriotis

Fotógrafo: Pedro Prado e Thais Grechi

Design gráfico: Ana Carneiro

Direção de produção: Aura Cunha | Elephante Produções

Assistente de produção: Yumi Ogino e Vini Silveira

Colaboração artística: AREAS Coletivo, Adriano Guimarães, Claudia Elias, Emergências Coletivo, Leo Bianchi e Tatiana Devos.

Foto: Thaís Grechi
Foto: Thaís Grechi

Liliane Rovaris

Atriz, mestra em Artes Cênicas (UNIRIO), formada pela CAL/RJ e pelo CPT/SP, ministrado por Antunes Filho. Integrante do AREAS Coletivo com quem realizou e atuou na peça Plano sobre queda, direção de Miwa Yanagizawa, com quem mantém a pesquisa Estudo para o ator: a Escuta. Em 2021 realizou o projeto De um Dostoiévski a outro, série de ações online em comemoração ao bicentenário do autor e em 2022 ministrou a oficina de teatro Um mundo a sonhar para jovens que cumprem medidas socioeducativas no DEGASE. Com direção de Adriano Guimarães do Coletivo Irmãos Guimarães atuou em Sopro de Samuel Beckett e em NADA – uma peça para Manoel de Barros (prêmio de melhor elenco do site Questão de Crítica). Também atuou, entre outros, em A Ponte, com direção de Adriano Guimarães, em Naotemnemnome com direção de Emanuel Aragão, em Ponto de Fuga de Rodrigo Nogueira, em Trainspotting, dir. de Luis Furlanetto e Fragmentos Troianos dir. de Antunes Filho. Foi colaboradora artística da Cia teatro autônomo com direção de Jefferson Miranda na Série 21 (Espaço Sesc/RJ 2009). No audiovisual, atuou no longa O Cerco, de Gustavo Bragança, Aurélio Aragão e Rafael Spínola (mostra de Tiradentes 2021), em  Infinitas Terras de Cauê Brandão e em Onde moram os irmãos de Marisa Mendonça.

Foto: Marcus Leoni
Foto: Marcus Leoni

Camila Márdila

Atriz e diretora teatral premiada no Festival de Sundance (EUA) e no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro por seu trabalho no filme Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert. Está no elenco de diversas séries como Justiça, Onde Nascem os Fortes, Trezes Dias Longe do Sol, Feras, Onde está meu coração – todas na Globoplay – além da novela Amor de Mãe, de Manuela Dias. No teatro trabalhou com os diretores Felipe Hirsch, em A Tragédia e a Comédia Latino Americanas, e Irmãos Guimarães (DF), com quem manteve o núcleo Resta Pouco a Dizer, dedicado a pesquisas em torno de Samuel Beckett. É integrante do AREAS Coletivo, ao lado de Miwa Yanagizawa, Maria Silvia e Liliane Rovaris, com quem mantém a pesquisa Estudo para o ator: a Escuta, desde 2013, em formato de oficinas, residências e orientações artísticas. É diretora da peça Crime e Castigo 11:45, um solo de Liliane Rovaris, que estreou em 2022 e realiza temporada no Sesc São Paulo em 2023. Seus trabalhos mais recentes como atriz foram a série Bom Dia Verônica (Netflix), os filmes Carvão, de Carolina Markowicz, Meu Nome é Gal, de Dandara Ferreira e Lô Politi (estreia prevista para 2023), e Uma Boa Vilã, de Teo Poppovic, também em finalização. No momento, está no elenco do novo filme de Walter Salles (Ainda Estou Aqui) e interpretará Viviane Senna em série sobre o piloto na Netflix.

Crítica

(…) Estruturado de forma surpreendente, impregnado de passagens  poéticas e eventualmente muito divertidas, o presente texto seduz o espectador ao longo de toda a montagem, por sinal de altíssimo nível. Camila Márdila impõe à cena uma dinâmica em total consonância com o material dramatúrgico, ou seja: se por um lado  prioriza sua natureza intimista e confessional, por outro não deixa de exibir soluções de grande expressividade, como a relação da personagem com imagens projetadas em uma antiga televisão – poderia mencionar outras, mas isto privaria o espectador de surpresas de grande impacto emocional. (…)

 

Trecho do  texto Obra-prima em bela e surpreendente versão, de Lionel Fischer.

Leia a íntregra do texto clicando aqui.

A atualização dos dados desta página bem como a veracidade das informações nela contidas são de responsabilidade de Liliane Rovaris. Caso encontre um erro ou divergência de dados, favor entrar em contato pelos canais acima ou enviando mensagem para lilianerovaris@gmail.com

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