Trilhas da Cena

Dança Macabra

Laura Samy (RJ)

Duração: 60 minutos

Estreia: 2015

Atualizada em 11/01/2024

Foto: Renato Mangolin

Dança Macabra

Laura Samy (RJ)

Duração: 60 minutos

Estreia: 2015

TAG CARIMBO (em circulação)
Atualizada em 11/01/2024

Foto: Renato Mangolin

Dança macabra é uma performance solo criada a partir de reflexões acerca das representações do macabro, da morte e da sobrevivência. Um processo de investigação de diferentes formas de resistência e expressão frente a morte ou à mortificação de algo. A dança macabra do período medieval não define precisamente uma temática mas um ponto inicial que impulsiona uma série de articulações e pensamentos, aproximando pistas que remetem a tempos, formatos e contextos diversos: a dança macabra, a morte do cisne, a voz de Pasolini, um poema de Henri Michaux ou um fantoche de uma loja de brinquedos assustadores… referências históricas, cinematográficas, literárias ou sonoras. Desses deslocamentos, surge a Dança Macabra, construindo o espaço da cena, superfície sobre a qual o gesto se inscreve, a imagem se imprime e aonde podemos jogar com a experiência da aparição e da desaparição desses gestos/imagens. A presença é colocada como questão

 

– O que é que está alí para ser visto? Qual ou quais presenças? A carne, o corpo que vibra? A lembrança? Aonde reside o morto? O espaço é experimentado como um espaço de tensão, entre o que se apresenta nele e o que resiste a se dar a ver, evocando diferentes sentidos referentes à permanência, à memória e a resistência.

Dança Macabra é resultado de uma uma vasta e longa pesquisa desenvolvida no campo da dança mas que transita igualmente pelos campos do teatro e da performance. Lançando mão também do audiovisual cria uma interface entre as diferentes linguagens em que o corpo pode aparecer. Sozinha em cena a performer encarna diferentes presenças como a figura da morte, uma mulher debruçada sobre as suas lembranças, ou o voo de um pássaro noturno, formando seres e corpos temporários que surgem e desaparecem através da dança e dos gestos, transmitindo memórias e afetos de outros tempos.

 

As questões existenciais trazidas pela temática em torno da morte se desdobram em questões coletivas – resistir a sistemas opressores, evocar afetos humanizantes e mesmo perceber-se só ao lidar com as sensações de liberdade, autonomia ou abandono. O espetáculo convida o público a vivenciar outras formas de olhar para aquilo que resiste, que insiste e persiste em se manifestar, gestos que aproximam e põe em relação indivíduo e sociedade. A seriedade com que a temática é tratada tornam o retorno deste trabalho aos palcos pertinente num contexto em que a presença da morte se torna mais evidente, seja através da recente crise pandêmica mundial, seja através do aumento da precarização das vidas com o avanço do capitalismo financeirizado. Dança Macabra nasceu e se cria em território brasileiro, pelo trabalho de alguem que há anos vive a experiência de fazer arte com as condições do Brasil, irrigada por esta territorialidade. Ao mesmo tempo se conecta com as questões que se levantam na vanguarda das articulações feitas pela arte: a questão da presença da arte no mundo, do que ela ainda pode mover e do que ela ainda pode mostrar.

Trajetória do espetáculo

Escola de Cinema Darcy Ribeiro(RJ)

Teatro Cacilda Becker – Ocupação Muito Além da Dança (RJ)

Centro Coreográfico do Rio de Janeiro – Edital Viva o Talento! / SMC / RJ (RJ)

Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto – Projeto Entre (RJ)

Oficina Cultural Oswald de Andrade (SP)

Programação de Espetáculos do Palco Giratório no ESEM (RJ)

Mostra 69 (RJ)

Mostra PANORAMA.BR (RJ)

Mostra Caixote (RJ)

Mostra Caixote (RJ)

Juazeiro do Norte, Cariri (CE)

MOSTRA MOVIMENTOS DE SOLO

13 e 14 de janeiro – 20h

Teatro Domingos Oliveira

Rua Vice-Governador Rúbens Berardo, 100. Gávea

Rio de Janeiro, RJ

Acesse a página da mostra.

 

 

Equipe

Concepção, criação e performance: Laura Samy
Colaboração dramatúrgica: Renato Linhares
Colaboração artística no processo de pesquisa: Marina Vianna e Inês Cardoso
Cenografia: Laura Samy e Antonio Pedro Coutinho
Iluminação: Jon Thomaz
Produção: Ana Barros
Fotos e vídeo: Renato Mangolin
Apoio: Escola de Cinema Darcy Ribeiro, PROEXC/Unirio, Casa da Glória e Alice Ripoll Produções.

 

Agradecimentos:

Alexandre Belfort, Anita Tandeta, Alice Ripoll, Flora Sussekind e Irene Ferraz.

Laura Samy

Foto: Carol Pires

Laura Samy é dançarina, coreógrafa e formada em Teoria do Teatro pela Unirio. Reside e atua no Rio de Janeiro como artista independente colaborando continuamente com artistas diversos em projetos de dança, teatro e das artes da cena em geral. É idealizadora e produtora da Mostra Caixote, mostra independente de dança realizada em parceria com a Escola de Cinema Darcy Ribeiro entre 2016 e 2019 e que em 2021 foi realizada no formato de Festival Caixote, no MAM. Seus trabalhos mais recentes são O Pássaro e a Enguia e CRAVO, em parceria com Maria Alice Poppe, Enquanto Borbulha e 7 Samurais.

Depoimentos

Artigo, textos e entrevista

Em 2014 dei início ao projeto de pesquisa intitulado Eu fiz a dança de Macabré: Estudo e composição cênica tomando como eixo temático central imagens da dança macabra. Durante a pesquisa, abordei questões que acompanham meus processos criativos ao longo de vários anos de prática como performer atuando junto a companhias e grupos de dança nacionais e internacionais. As questões que motivaram esta pesquisa se referem tanto ao estudo da presença na cena como aos procedimentos de sua escrita ou, mais precisamente, de inscrição cênica. Inicialmente procurei me aproximar da concepção de macabro surgida no período medieval; mas, sem desejar me restringir a uma única concepção de macabro, optei trabalhar com uma ideia mais difusa e reincidente, que me levou a reunir algumas outras imagens da morte e do macabro que interessavam a essa coletânea inicial de imagens/matérias a serem posteriormente movidas e trabalhadas. (…)

 

Acesse o artigo na íntegra.

Dança Macabra, de Laura Samy, artista e coreógrafa carioca, traz já em seu nome um arrepio. Logo que ouvi o título da obra, relações entre macabro, medo e morte imediatamente povoaram minha imaginação. Mas por que uma pessoa elege a morte para criar uma dança?

Vi o espetáculo pela primeira vez em 2015. Em um palco quase nu, com a luz aberta, Laura carrega pesados cubos de madeira, os sobrepõe e constrói cuidadosamente duas colunas na boca da cena, quase nas extremidades direita e esquerda do palco. Então, se coloca atrás de uma das colunas. A depender do ângulo de visão, podemos ver distintas pequenas partes de seu corpo oculto: dedos que se apoiam na coluna, alguns fios de cabelo, um pedaço de tecido. De que ela se esconde? (…)

 

Leia a íntegra do texto de Silvia Chalub

(…) As palavras – bem irônicas – que Laura profere, durante o espetáculo, reforça a dignidade inerente ao corpo. A qualquer corpo e carne. “É proibido ser velho”, ela diz. E, no entanto, ela se desnuda na frente do púbico. Seu corpo é de uma mulher madura. Uma mulher madura e real. E esse é o único corpo que tem para ver. E o papa, a mulher, o barbeiro, o cachorro, se não gostarem, que vão todos passear. (…)

 

Leia a íntegra do texto de Verena Than.

(…) Se a Dança Macabra que a inspirou, tem a ver com a Dança da morte, a Dança do fim dos dias, a Dança da peste, paradoxalmente, a dança que ela nos mostra é uma dança pungente e cheia de vida. Laura dialoga com autores importantes, como Blanchout, Didi-Huberman, Roland Barthes, se enamorou pelos filmes de Pasolini, escutou músicas, viu imagens, dispersou, abriu, expandiu, bateu asas e com tudo isso, entrou cada vez mais profundamente no universo da morte, do macabro, do obscuro e do sombrio. Mas fez tudo isso com tamanha delicadeza, que em nenhum momento do espetáculo pensei na morte, nem o seu figurino todo preto, nem mesmo o seu corpo despido largado ao chão, me remetiam à morte. E ainda, ela estava lá, “a morte como uma paisagem”. (…)

 

Leia a íntegra do texto de Giséla Dória.

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Informações técnicas

Rider / Espaço
Espaço de cena: Aproximadamente 10 metros (profundidade) X 10 metros (largura).
Material utilizado na performance: 10 cubos de madeira de 50cm X 50cm; 1 TV 42
polegadas; 1 Laptop; 1 Jambox.

Rider / Luz
12 Plano Convexo de 1Kw
10 Fresnel de 1Kw
18 Bandor (para 8 plano convexo do contra luz e 10 fresnel nos corredores e na geral)
Obs: A performance pode ser realizada no palco de um teatro ou em uma sala ampla para aproximadamente 50 pessoas, e neste caso sem a utilização da iluminação.

A atualização dos dados desta página bem como a veracidade das informações nela contidas são de responsabilidade de Laura Samy.

Caso encontre um erro ou divergência de dados, favor entrar em contato pelos canais acima ou enviando mensagem para lauras.samy@gmail.com

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