Trilhas da Cena

Agenda

5ª MOSTRA TUDO

De 10 a 14 de dezembro de 2025, quarta-feira a domingo, a Cia Circunstância transforma Belo Horizonte em palco para realização da Mostra Tudo que, em sua 5ª edição, celebra a linguagem do Cabaré. A programação conta com espetáculos e números de variedades, apresentados na Casa Circo Gamarra (Santa Tereza), no Parque Municipal (Centro) e no Centro Cultural Zilah Spósito (Zilah Spósito/Norte), por 27 grupos formados por artistas circenses originários da Colômbia, Venezuela e Brasil (SP, TO, MG, GO e do Distrito Federal), além de feira de publicações, duas oficinas e o lançamento da trilogia Ana Tirana, da palhaça e escritora Ana Flavia Garcia (DF).

Segundo Dagmar Bedê, integrante da Cia Circunstância e uma das idealizadoras da Mostra Tudo, desde a realização da primeira edição, em 2015, o tema é escolhido a partir do momento de pesquisa da companhia. “Nosso último trabalho, ‘Piratas do Curral’, que estreou este ano, foi todo inspirado em utopias piratas e no conceito de A Zona Autônoma Temporária (TAZ) criado por Hakim Bey. Neste estudo, Bey apresenta o conceito de bando, que seria uma espécie de ‘família’, mas que extrapola qualquer pensamento tradicional do termo, e que entendemos dizer muito do universo do circo, do cabaré”, explica.

Inspirada no conceito, este ano a curadoria da Mostra aposta na diversidade existente dentro da linguagem do cabaré, com foco em números de palhaçaria e comicidade. “Em cena, temos pluralidade de corpos, gêneros, estéticas e formatos: solos, duplas, trios, coletivos”, diz Dagmar.

Para Dagmar Bedê, mais do que uma vitrine de apresentação dos trabalhos, a Mostra é um espaço para o encontro entre público e artistas. “É sempre fundamental essa troca e essa rede de artistas que vai se formando e se fortalecendo a cada edição. É você ter em casa vários cantos do mundo. Na verdade, ‘Tudo’ é um delicioso pretexto para que a gente possa ser visto e ver o que os outros estão criando, dentro do universo da palhaçaria e do circo”, afirma.

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Bartolomeu: Que Será Que Nele Deu? 2.0

25 anos separam esta montagem da montagem original de Bartolomeu: Que Será Que Nele Deu, com texto e direção de Claudia Schapira — livremente inspirada em Bartleby, o Escriturário de Wall Street, de Herman Melville. A peça acompanha, em cenas episódicas, a trajetória de Bartolomeu, um copista que, ao “preferir não fazer”, paralisa a engrenagem de trabalho na qual está inserido e se torna cada vez mais recluso, despertando um misto de repulsa e admiração. Sua recusa inabalável eleva a narrativa ao absurdo extremo para refletir sobre a lógica desumana do desempenho constante existente na sociedade contemporânea.

Nesta remontagem de formatura da Turma 74 da Escola de Arte Dramática da USP, todos os artistas da cena revezam a personagem Bartolomeu. A partir desse dispositivo, esta fábula urbana expõe as mazelas de uma sociedade centrada no desempenho, em que os indivíduos são constantemente incentivados a estar sempre em movimento, engajando-se continuamente em atividades que demonstrem produtividade e eficiência.

Segundo Byung-Chul Han, autor do livro “A Sociedade do Cansaço”, esse modelo de produtividade em que as pessoas não possuem a capacidade de parar, de se desconectar e de refletir profundamente possui um alto custo, ao tornar os indivíduos prisioneiros de uma atividade que os esgota e os aliena de si mesmos.

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O VENENO DO TEATRO

O público de São Paulo poderá assistir ao espetáculo que já levou mais de 60 mil pessoas ao teatro no Brasil e foi visto por mais de 6 milhões de pessoas em suas diversas montagens pelo mundo. O Veneno do Teatro, protagonizado por Osmar Prado e Maurício Machado, realizará oito apresentações gratuitas na Caixa Cultural São Paulo entre 4 e 14 de dezembro de 2025. Obra-prima do premiado autor espanhol Rodolf Sirera, um dos dramaturgos contemporâneos de maior renome na Europa, o texto clássico já foi encenado em 62 países. Cheio de suspense, é um thriller fascinante que mantém o espectador hipnotizado do início ao fim.

No espetáculo, um ambicioso e famoso ator chamado Gabriel De Beaumont é convidado por um excêntrico Marquês para interpretar uma peça teatral de sua autoria. No encontro, o Marquês, por meio de um jogo psicológico, passa a controlar o ator. E ele logo descobre que tudo não passa de uma armadilha para submetê-lo a um experimento cruel onde os limites de realidade e ficção se confundem. Depois de muitas surpresas, o Marquês revela-se um psicopata capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos.

Dirigida por Eduardo Figueiredo, a peça estabelece uma relação peculiar entre os personagens, desenvolvendo uma história eletrizante e repleta de suspense e reviravoltas, em que a intriga é mantida durante toda a arrebatadora performance da dupla de atores, num jogo perigoso e contundente.

Traduzido em vários idiomas, a peça foi apresentada em 62 países como Espanha, Inglaterra, França, Venezuela, Polônia, Grécia, Porto Rico, Argentina, México, Estados Unidos e Japão. Vista por mais de 6 milhões de pessoas pelo mundo, colecionou prêmios por onde passou, confirmando seu sucesso, vitalidade e contemporaneidade.

A montagem brasileira assume uma postura atemporal, inspirada na década de 20 em Paris, e é a primeira de todas as montagens já encenadas pelo mundo a apresentar música ao vivo, executada pelo violoncelista Matias Roque. A direção musical é de Guga Stroeter.

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HUMANAMENTE INVIÁVEL

O Núcleo Alvenaria de Teatro apresenta novas apresentações da peça Humanamente Inviável, nova criação escrita e dirigida por Tati Bueno, que parte da provocação “o Brasil é um país que tem muito passado pela frente” para retratar, com ironia e poesia, um presente saturado de distrações e cansaço. A história se passa em um bar à beira do fim do mundo, onde personagens se encontram entre uma saideira e outra para desabafar diante de um colapso que já é realidade. O apocalipse não chega com estrondo, mas com silêncio, tédio e exaustão. Uma tragicomédia sobre tentar — e tentar de novo — mesmo quando já não se acredita. Inspirada em fatos reais, a peça mistura humor ácido, crítica social e ficção distópica. No plano “terreno”, Alicinha comanda uma clínica que promete “reeducar” homens, ao lado do marido Mário, um machista em eterna desconstrução. No plano “mítico”, três entidades — Madame, Vera e o Poetinha — observam e comentam os destinos humanos, entre sambas de fossa e confissões íntimas. Com Bia Toledo, Alexandra DaMatta e Thiago Carreira, a montagem alterna realismo, farsa e delírio, num espaço cênico que se transforma de bar em cabaré, de laboratório afetivo em campo de experimentos. A música original de Felipe Antunes é quase uma personagem: atravessa a cena com ecos do samba-canção urbano e melancólico, mesclando-se às vozes dos intérpretes. Encerrando a Trilogia Madame, iniciada com Codinome Madame e Madame e a Faca Cega, a nova criação desloca o olhar do futuro distópico para o presente colapsado, onde resistir, fracassar e continuar insistindo talvez seja o último gesto possível de humanidade.

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Vocês Não Entenderam Nada

Vocês Não Entenderam Nada, espetáculo inédito do Teatro do Incêndio que estreia no dia 15 de novembro, sábado às 20h, leva ao palco o texto A Babá, de René de Obaldia (1918 – 2022), numa síntese da vida moderna e suas deformações nas diversas formas de relacionamento e isolamento. A montagem tem direção de Marcelo Marcus Fonseca, que também integra o elenco ao lado de Arianne Botelho e Liz Reis.

A montagem – cujo título foi extraído de um poema do livro Estranhas Experiências, de Claudio Willer (1940 – 2023) – apresenta o texto raro do autor francês, traduzido por Clara Carvalho especialmente para o Teatro do Incêndio. A Babá (título original) trata da vida contemporânea, dos relacionamentos falidos pelo cotidiano, do machismo, da violência e da mecanização do pensamento em uma sociedade dominada pela incapacidade de se comunicar, principalmente da intolerância com o pensamento divergente.

O espetáculo é uma estranha comédia na qual um casal aguarda por uma babá para irem a um jantar com outro casal, que eles não suportam, em uma maçante obrigação social burguesa. Durante a espera, destilam seu ódio um pelo outro, suas frustrações e fracassos e, ao invés da babá esperada, quem toca a campainha é uma Santa que “desce” à terra como jovem crente, personagem semelhante a uma pregadora de Exército da Salvação. Diante da figura inesperada, despejam sobre ela toda sorte de preconceito e objetificação do corpo feminino, levando a Santa à humilhação profunda e, pela maldade de ambos, a sua própria redenção.

O projeto foi contemplado no Edital Fomento CULTSP PNAB Nº 38/2024 Manutenção e Modernização de Espaços Culturais – ProAC, Programa de Ação Cultural, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.

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LoKona

Inspirado no livro Elogio da Loucura, escrito pelo humanista holandês Erasmo de Rotterdam em 1508, o Orbivagante Núcleo de Teatro criou o espetáculo LoKona, uma farsa que atualiza as questões presentes no texto original do século XVI para refletir sobre a sociedade moderna, marcada pela necessidade de sustentar aparências.

“Rotterdam buscou apontar (para corrigir) os vícios e as malversações da sociedade de sua época. Para isso, evocou a figura divina da Loucura, já que ela observa o mundo de um ponto de vista original e pode falar com total liberdade sobre qualquer assunto”, conta o diretor Dino Bernardi.

Na trama de LoKona, essa figura tão presente no imaginário comum participa de um talk-show, abordando temas contemporâneos, como as tecnologias e a sociedade de aparências. “Criamos um apresentador com características de um psicólogo tresloucado que, de repente, chama ao palco LouLou Divine, uma artista performática. Quer dizer, tiramos da personagem o peso da divindade e a colocamos como uma representante das artes”, acrescenta o encenador. Em cena estão Karina Giannecchini e Fernando Aveiro, além de Fábio Evangelista, que executa a música ao vivo.

O grupo reflete como lucidez e loucura se interpenetram, não sendo manifestações exatamente antagônicas. Para isso, discutem o mundo acelerado do 5G e suas múltiplas conexões, que nos uniram e, ao mesmo tempo, nos atomizaram. “É como se ficássemos presos à interação pelas telas, perdendo a capacidade de nos relacionarmos e de sentirmos empatia”, explica Aveiro.

O público pode esperar situações exageradas e muito humor. “A Loucura entra em cena imponente, com um tom quase de superioridade. Mas, com o passar do tempo, ela vai revelando suas múltiplas facetas, fazendo com que as pessoas se identifiquem com ela”, comenta Karina.

A ideia da companhia foi montar um texto com humor e a sagacidade do original de Rotterdam que flertasse com a cultura pop. O cenário de LoKona reproduz o ambiente de um talk-show com pitadas de programa de auditório. A trilha sonora transita livremente entre referências de músicas clássicas, populares e vulgares. O figurino segue uma proposta inusitada, com peças que contrastam entre si e reforçam o tom farsesco do espetáculo.

“Dizemos que LoKona é uma espécie de ritual para provocar um alívio na alma”, conclui Bernardi.

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TIP (antes que me queimem eu mesma me atiro no fogo)

TIP – gorjeta, em inglês – compõe o nome escolhido para o corajoso relato de autoficção da atriz Milla Fernandez que, com direção de Rodrigo Portella e direção musical de Federico Puppi, leva à cena uma experiência vivida durante a pandemia de 2020/21. As necessidades batiam à porta e os horizontes eram inexistentes. Então, com apoio do marido e dos pais, Milla buscou no sexo virtual a garantia de uma fonte de renda imediata. Sem nenhum conhecimento prévio daquele universo, e sem ideia do que encontraria, mergulhou no mundo do entretenimento adulto, satisfazendo como camgirl desejos de clientes anônimos em troca de gorjetas (TIPs, em inglês).

A vivência provocou na atriz uma reflexão sobre as ilusões de uma sociedade orientada pela imagem. Com humor ácido, Milla Fernandez não se poupa e brinca com o medo do fracasso. A partir das inúmeras situações cômicas, constrangedoras e dolorosas que viveu na área do entretenimento, ela destrincha, com ironia, as consequências de uma vida construída para realizar o desejo dos outros – seja na profissão, no âmbito familiar ou no universo pornô.

A encenação de Rodrigo Portella aposta no minimalismo. Como único elemento cenográfico, longos tapetes vermelhos representam a fama e o sucesso. Portella assume a própria arquitetura teatral como cenário, retirando os tradicionais panos pretos da caixa cênica, e assim lembrando aos espectadores que estão num teatro, e que a ilusão dará lugar à imaginação. A trilha de Federico Puppi e Leo Bandeira tem caráter essencialmente percussivo, complementado por Milla Fernandez, que toca sax durante o espetáculo. A peça está sendo ensaiada em Barcelona, onde vivem Rodrigo e Milla, com apoio da Prefeitura da cidade.

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Norma Bengell

Numa conversa fictícia com Norma Bengell (1935-2013), a estrela revisita momentos emblemáticos e outros pouco conhecidos de sua vida, desde a infância de privações, passando à adolescente desejada na Copacabana dos anos 1950, ao sucesso no Teatro de Revista. A parceria artística com Glauber Rocha, Cacá Diegues e a turma do cinema novo, da qual foi musa. O sucesso nas telas e nos palcos, o ativismo político, a vida e carreira na Europa, o romance com Alain Delon e outros homens e mulheres.

O dono de uma companhia de teatro de revista se apresenta ao público e começa a falar da homenageada da noite: Norma Bengell. Antes que consiga falar mais, é interrompido por uma mulher. É a própria Norma Bengell. Assim começa a viagem, partindo do diálogo imaginário entre esses dois personagens, de onde brotam memórias em forma de cenas e números musicais desenhando um painel surpreendente que foi a vida de Norma Bengell.

Norma Bengell, o Brasil em Revista é uma peça em quadros que, além de apresentar às novas gerações uma das maiores artistas do país, evoca o vigor e a explosão criativa do Brasil nos anos 1950 e 60. O repertório musical traz sucessos da Bossa Nova e de mulheres compositoras de sua época, incluindo “Eu Sei que Vou te Amar”, “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas”, canções de Rita Lee e Maysa, além de três canções inéditas compostas especialmente para o espetáculo.

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Mostra Anônimas – três solos autorais

Mostra Anônimas – três solos autorais trata da supressão da autoria feminina ao longo do tempo, exemplificada nos universos da literatura, das artes plásticas e do teatro. O projeto joga luz sobre o silenciamento histórico de artistas mulheres.

Três mulheres em três espetáculos autorais solo sobre três artistas em três períodos históricos (início dos séculos XIX, XX e XXI) e um universo de desafios em comum. Os solos passeiam por três séculos atravessando os universos da literatura, através da escritora Mary Shelley e seu Frankenstein, no século XIX; das artes plásticas, através da escultora Camille Claudel, que viveu à sombra do amante Auguste Rodin, no século XX; e do teatro, através da história pessoal da atriz Denise Dietrich, sobrinha-neta de Marlene Dietrich (século XXI).

“Criatura, Uma Autópsia”, de Bruna Longo, é uma fricção entre o romance Frankenstein e a vida de sua autora, Mary Shelley, que publicou anonimamente sua obra em 1818.

“Inventário”, de Erica Montanheiro, é inspirado na vida da artista plástica francesa Camille Claudel (1864-1943), que passou 30 anos encarcerada em uma instituição psiquiátrica após viver à sombra de Auguste Rodin.

“Aquele Trem”, de Denise Dietrich, é um espetáculo autobiográfico sobre a própria história da atriz, sobrinha-neta da estrela de cinema Marlene Dietrich, investigando traumas familiares e abusos.

As atrizes e suas personagens, assim como outras artistas ao longo da história, buscam ser ouvidas e ter seu valor simbólico e econômico reconhecido. Os três solos juntos formam um mosaico sobre o que é ser artista mulher na sociedade patriarcal.

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Senhora dos Afogados

Após grande sucesso de crítica e público, o Teatro Oficina recebe de volta Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, com direção de Monique Gardenberg.

Escrita em 1947, é um mergulho denso no inconsciente familiar — uma tragédia brasileira em forma e espírito, marcada por paixões, mortes, desejos incestuosos e pela atmosfera fantasmagórica de uma sociedade à beira do colapso.

Nelson Rodrigues, como dizia Zé Celso, é um artista “dionisíaco, que estupro todas as máscaras sociais no cosmos da Vida Como Ela É”. Ele é “um outro”, para lá do bem e do mal, tão imenso quanto Shakespeare, Rimbaud e Oswald de Andrade.

Nesta encenação, o espaço cênico é atravessado por elementos audiovisuais, trilha original e ambientações sensoriais. Um coro de “putas do cais”, evoca Zé Celso, reforça o clima onírico e alucinatório da narrativa.

Ambientada em uma casa à beira-mar, onde o oceano é mais que cenário — é extensão simbólica da psique familiar — a peça propõe um mergulho nos limites entre realidade e delírio, desejo e culpa. A casa, impregnada de sal, luto e memória, torna-se um organismo vivo: respira com as marés, ecoa as vozes silenciadas, e revela as camadas subterrâneas de uma família dilacerada.

No centro da trama está Misael (Marcelo Drummond), juiz assombrado por segredos que emergem das profundezas da própria história. Ao seu redor, giram personagens tomados por impulsos inconfessáveis: Moema (Lara Tremouroux), a filha intensa e intuitiva, e Eduarda (Leona Cavalli), esposa e figura central de uma dinâmica familiar marcada por silêncio, poder e ressentimento.

Um espetáculo que convida o público a encarar seus próprios abismos.

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