Trilhas da Cena

Agenda

7 Gatinhos

7 Gatinhos reestreia no Teatro Oficina com direção de Joana Medeiros, seguindo em temporada até 25 de dezembro. Depois da primeira apresentação numa noite de Natal, a encenação radicalizou, incorporando mais performance, música, perigo, referências cinematográficas e o uso da espacialidade explodida pelo circo.

A peça se passa em um ambiente tenso, onde os membros da família revelam suas verdadeiras faces. Dona Aracy, a Gorda, e Seu Noronha, contínuo da Câmara dos Deputados, vivem num cortiço do Bixiga com suas cinco filhas. Entre silêncios, risos forçados e pequenas barganhas, o pai fecha os olhos para os rumos que cada uma toma, contanto que a engrenagem da casa continue girando.

É a caçula — guardada em um colégio interno como promessa de pureza e futuro — que desmancha o equilíbrio frágil da família. Seu retorno inesperado desencadeia tensões que transbordam os limites do lar, trazendo à tona segredos, desejos e violências que até então se escondiam nas frestas do cortiço.

A encenação percorre o fio entre farsa e tragédia, atravessada pela carpintaria do ator, pelo jogo com a bexiga e pela revanche do feminino, que explode em força bruta e lirismo. No coração do Bixiga, uma família em ruína se transforma em retrato distorcido de uma sociedade inteira.

O autodenominado “Virada da Encruza” é formado por ex-integrantes da universidade antropófaga, espaço de formação do Oficina. A artista multimídia Jup do Bairro foi incorporada ao coletivo após assistir “Senhora dos Afogados”.

“Nos 7 gatinhos, a religião é um disfarce na máscara atarantada das aparências. 1957 se transpõe para 2025”, diz Joana Medeiros.

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Mostra Primeira Infância

A Mostra Primeira Infância promete animar as férias escolares no CCBB BH de 5 a 29 de dezembro. A programação celebra os 15 anos do grupo Eranos Círculo de Arte, referência brasileira em pesquisas sobre protagonismo infantil e uso responsável de tecnologia digital no teatro.

Os espetáculos Caixa Ninho – uma viagem pelo universo lúdico das caixas de papelão para crianças a partir de 1 ano – e Bebê e o Boi Babau – para crianças a partir de 2 anos, com dramaturgia inspirada na cultura popular – são inéditos em Belo Horizonte. Complementam a mostra uma exposição interativa com projeção audiovisual, cinema de animação, oficina de Formas Animadas para crianças e um ciclo de formação para adultos interessados em Teatro para Primeira Infância.

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O céu no meio da cara

Com seu livro de estreia, “O céu no meio da cara” (NAU Editora – 2022), a atriz e escritora Júlia Portes foi uma das cinco finalistas do Prêmio Jabuti 2023 (categoria Escritor Estreante). A obra narra a história de três mulheres – avó, mãe e neta – em meio a revelações diante da morte da filha-mãe.

Baseado no romance, o espetáculo O céu no meio da cara tem direção de Caio Riscado. Para transpor a peça para o teatro, Júlia assinou a dramaturgia ao lado de Denise Portes e Dora de Assis, respectivamente mãe e amiga.

Em cena, as atrizes Carmen Frenzel (Carmelita) e Júlia Portes (Laura) são avó e neta. As duas estão no velório da sua respectiva filha/mãe Marília, que morreu prematuramente aos 53 anos. Com humor ácido, oscilando entre momentos divertidos e tristes, a narrativa dramática vai descortinando detalhes e segredos das histórias dessas mulheres, unidas pela maternidade.

A montagem conta com direção musical e trilha sonora ao vivo de Frederico Santiago, criando uma atmosfera intimista que potencializa a emoção do encontro entre essas duas gerações diante da ausência de Marília.

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A Palma

O Instituto Capobianco estreia o espetáculo inédito A Palma, que finaliza a residência artística de um ano da mundana companhia, com três expoentes das artes cênicas no elenco: Gilda Nomacce, Verónica Valenttino e Donizeti Mazonas, que vivem em cena a saga teatral da atriz Vânia Souto. Escrita a quatro mãos por Claudia Barral e Marcos Barbosa (indicado ao Prêmio Jabuti 2025) a partir do argumento proposto por Mariano Mattos Martins, ator e produtor que lança sua primeira direção no teatro, a montagem propõe ao público uma viagem vertiginosa, pontuada por momentos de êxtase e desilusões, ao ofício do ator.

O que mantém uma atriz viva? A resposta toca em questões contemporâneas como fama, talento, prêmiações e visibilidade através de aspectos fantásticos e dolorosos, que podem ser fontes de adoecimento, presentes na rotina dos atores no exercício da profissão.

Vânia Souto (interpretada por Gilda Nomacce) sofre por não atingir o estrelato e, após um grave episódio de violência, recebe a visita dos amigos Marta Mourano e Sérgio Capanema (Verónica Valentino e Donizeti Mazonas respectivamente) para se livrar de uma situação delicada que envolve sua reputação. Juntos e em busca de uma saída, eles embarcam no onírico universo do teatro e compartilham a potência do sonho na vida dessa atriz central na ficção.

“Esta viagem ao outro, partindo da frase da escritora Rosa Montero, é uma espécie de ode ao teatro, este espaço tão caro onde a loucura é sagrada. A peça apresenta um contexto ficcional permeado por várias outras camadas ficcionais, é o teatro dentro do teatro que nos conduz a esta navegação mapeada proposta em A PALMA”, diz Mariano.

Misturando comicidade a momentos de extrema tristeza e desolação, os personagens passeiam por diferentes universos, espaços e situações que nascem do mesmo lugar: o apartamento de Vânia. Ao mesmo tempo íntima e universal, A Palma se constrói como uma experiência que ultrapassa a narrativa linear e se expande em movimentos fragmentados, ecos de memórias e aparições inesperadas, revelando como o ofício de atuar é atravessado pelo ato de sonhar, por fantasias, traumas e pelo desejo incessante de estar em cena, de ser aplaudido e receber palmas.

A peça é um convite à reflexão sobre a sobrevivência artística em meio às dores e maravilhas do ofício de ser ator em diálogo com a incessante busca por um sonho.

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ENQUANTO VOCÊ VOAVA, EU CRIAVA RAÍZES

Após cinco temporadas de sucesso no Rio de Janeiro, três em São Paulo e passagens marcantes pela França e pelo México, a Cia Dos à Deux retorna ao Teatro Adolpho Bloch em janeiro de 2026 para curta temporada de ENQUANTO VOCÊ VOAVA, EU CRIAVA RAÍZES. O espetáculo é uma experiência sensorial: sem o uso da palavra, constrói uma dramaturgia do corpo em diálogo com as artes visuais, o cinema, a dança e o teatro. Transitando entre o sonho e a realidade, traz à tona conteúdos do inconsciente coletivo como medo, solidão, alma, reconciliação, luz, cura, morte e vida.

Vencedor dos prêmios APTR de Melhor Espetáculo, Melhor Música Original e Melhor Cenário, e Shell de Melhor Cenário, além de indicações aos prêmios APCA e Cesgranrio, entre outros, o espetáculo é um marco da linguagem autoral da Cia Dos à Deux, que há mais de 25 anos emociona plateias em mais de 50 países.

Nenhuma palavra é dita em cena, a dramaturgia é guiada pelos corpos em diálogo com as artes visuais, o cinema, a dança e o teatro. Nesse navegar por várias linguagens, os significados se apresentam diversos e chegam ao público em camadas múltiplas e plurais, em que cada gesto e cada silêncio se tornam portadores de significado, simbolismo e poesia.

Desde sua estreia em 2022, o espetáculo percorreu palcos importantes como o Festival de Avignon (França), o Festival Internacional Cervantino (México), o Festival de Teatro de Curitiba e o Cena Contemporânea (Brasília). Em pouco mais de três anos, a montagem já contabiliza mais de 240 apresentações, consolidando-se como uma das obras mais emblemáticas da companhia.

Esta será a última temporada em 2026 deste espetáculo, até que a companhia estreie sua nova criação “ConfuZo(s) – está escurecendo dentro de mim”, ainda no primeiro semestre, no Rio de Janeiro. A cia também será homenageada com o lançamento de um documentário sobre sua história, dirigido por Roberto Bomtempo e produzido por Canal Curta! e Matizar Filmes.

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Devora-me

Depois de temporadas de sucesso em 2024, Devora-me volta à cena no Teatro Firjan SESI Centro. A peça, indicada ao 36º Prêmio Shell nas categorias Dramaturgia (Marcia Zanelatto) e Cenário (Beli Araújo e Lídia Kosovski), conta a história de dois atores, pai e filha, afastados pela vida, que tentam se reconectar montando Rei Lear, de Shakespeare.

Pai e filha na vida real juntos pela primeira vez em cena, com direção de Pedro Kosovski. Pedro e Luiza são filhos de Ricardo. Numa dramaturgia de autoficção, seis existências se entrecruzam na cena – de um lado o Pai-Ator-Lear e de outro a Filha-Atriz-Cordélia – para refletir sobre os afetos e jogos de poder na estrutura familiar, envelhecimento e finitude.

Devora-me traz uma peça de teatro dentro de uma peça de teatro. Esta família, nascida e criada dentro do teatro, se reúne em mais uma empreitada artística para aprofundar a pesquisa da linguagem de autoficção iniciada no espetáculo “Tripas”, vencedor do Prêmio Shell de Inovação.

A peça é uma releitura-síntese de Rei Lear centrada em dois personagens da trama: Rei Lear e sua filha caçula Cordélia. A partir do clássico de Shakespeare, Devora-me reflete sobre um mundo em transformação que atesta dia a dia a falência do patriarcado, lançando um olhar sobre a senilidade e o consequente cuidado doméstico geralmente atribuído às figuras femininas.

A cena traz uma grande mesa e estantes com terrários de diferentes tamanhos. Ao longo de cada apresentação, a filha montará novos terrários, que irão se acumulando no cenário. Uma câmera capta detalhes deste trabalho manual e o projeta em tempo real num telão em formato de semicírculo acima dos atores.

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TOC TOC

Sucesso de público, a comédia TOC TOC, aclamada peça do autor francês Laurent Baffie, adaptada e dirigida por Alexandre Reinecke, estreia nova temporada no dia 31 de outubro, no Teatro dos 4, no Rio. A peça fica em cartaz até 18 de janeiro de 2026, com apresentações sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h.

A trama se desenrola quando seis pacientes com diferentes Transtornos Obsessivos Compulsivos (TOCs) se encontram na sala de espera do Dr. Stern. Com o atraso do médico, eles precisam aprender a lidar uns com os outros, resultando em situações hilárias e inesperadas.

“TOC TOC é uma comédia que vai além do simples entretenimento. É uma peça que joga luz sobre uma disfunção psicológica que acomete milhares de pessoas ao redor do mundo, o Transtorno Obsessivo Compulsivo, de maneira divertida e inteligente, sem ser didático. Talvez seja aí que está o grande sucesso das montagens que vêm acontecendo em inúmeros países do Ocidente ao Oriente”, comenta o diretor Alexandre Reinecke.

O elenco conta com Cláudia Ohana, Daniel Dantas, André Gonçalves, Andréa Mattar, Miguel Menezzes, Sara Freitas e Jade Mascarenhas. Nas sessões dos dias 14, 15 e 16 de novembro, o ator Marcelo Piriggo substitui Dantas.

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O Segredo de Brokeback Mountain

O clássico cinematográfico O Segredo de Brokeback Mountain, vencedor de 3 Oscars, chega a São Paulo em sua segunda montagem oficial em todo o mundo. Estrelado por Marcéu Pierrotti e Júlio Oliveira, o espetáculo estreia em 14 de janeiro no Teatro Itália, para uma temporada até 26 de março de 2026.

A primeira montagem do espetáculo aconteceu em Londres, em 2023, com Mike Faist e Lucas Hedges nos papéis principais, conquistando diversos prêmios e aclamação do público e da crítica. No Brasil, dirigida por Moacyr Góes, a peça estreou no Rio de Janeiro em 2024. A versão brasileira conta com trilha sonora original de Dan Gillespie Sells e texto de Ashley Robinson traduzido por Miguel Góes.

Com uma estreia impactante em 2005, “Brokeback Mountain” se tornou um marco incontornável na história do cinema contemporâneo. Dirigido por Ang Lee e estrelado por Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, o filme rompeu barreiras ao tratar com sensibilidade e profundidade o amor entre dois homens em um contexto de repressão e preconceito. Vencedor de três Oscars — incluindo Melhor Direção —, o filme é considerado um símbolo da força do cinema em transformar percepções sociais.

O Segredo de Brokeback Mountain é uma história de amor entre dois cowboys no interior dos Estados Unidos na década de 60. Jack Twist e Ennis del Mar são jovens que se conhecem ao serem contratados para cuidar das ovelhas de Joe Aguirre em Brokeback Mountain. Os dois cowboys, pobres, ao passarem semanas isolados, no frio e em más condições de trabalho, começam a criar uma intimidade que se transforma em um romance intenso e conflituado. Com o fim do trabalho, voltam às suas vidas, deixando um enorme pedaço de quem são em Brokeback Mountain – e que passam o resto de suas vidas tentando recuperar. A história atravessa personagens profundamente humanos e faz pensar sobre a intolerância, os medos, as fragilidades, os interditos e o poder do amor.

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